terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Conheça o conceito de ópera no cinema, que está chegando ao Brasil

OPERA

Conheça o conceito de ópera no cinema, que está chegando ao Brasil

Quando o espectador não pode ir a ópera ela vai até o espectador

O Brasil é um exemplo de diversidade cultural, dada a origem do povo que se formou a partir da mistura de nativos sul-americanos com povos vindos da Europa e de várias parte do mundo.

O brasileiro faz parte de uma nação em que a mistura cultural parece facilitar a adaptação de tradições. Basta pensar em referências culturais como a paixão pelo futebol, que veio da Inglaterra, ou mesmo de gostos mais locais, como o fato do paulistano adorar pizza, hábito oriundo da Itália.

Por isso, não foi espanto que uma tradição mundial, há muito negada ao povo brasileiro, tenha ganhado adeptos em tão pouco tempo: a ópera no cinema. E com direito à transmissão ao vivo do Metropolitan Opera House de Nova York, ela atualmente leva muitos cariocas a uma sala do UCI, na Barra da Tijuca (RJ).

Para quem só conhece ópera através de referências de programas estrangeiros, como o clássico desenho do Pica-Pau, onde o endiabrado passarinho canta ‘O barbeiro de Sevilha’, ter a chance de ver um espetáculo tão grandioso, ao vivo, é uma experiência fantástica.

Público de todas as idades

Mesmo com maioria de cabeças grisalhas na sala de cinema do UCI do Barra Shopping, não foi difícil encontrar jovens em meio a multidão, incluindo filhos de idades variadas acompanhando pais e mães.

No entanto, havia jovens presentes por opção própria, como foi o caso do militar Felipe, um dos mais jovens presentes durante a transmissão da ópera ‘A Clemência de Titos’, uma das três transmitidas no início de dezembro. O jovem nos fala a respeito da ideia da rede de cinemas UCI de levar a ópera para próximo do público brasileiro.

O militar revela que já teve a rara oportunidade de ver uma ópera, fora do país, em uma opera house de verdade, mas que a possibilidade de poder ver no cinema espetáculos direto de uma das mais famosa casas de ópera do mundo é ótima. “Gosto de clássico, como Mozart, e aprovei a inovação tecnológica que permite a transmissão da ópera direto de Nova York,” comenta Felipe.

Débora, também militar, que acompanhava Felipe, aprovou a iniciativa sem deixar de lamentar o fato do Brasil não ter uma opera house. Para um povo com interesse especial por música, que sempre busca novidade musicais, a ópera com certeza seria bem aceita.

“É lamentável o Brasil não possuir uma opera house, já que tem tanto investimento em mega eventos”, opina Débora. Por isso aprovou a iniciativa da rede UCI, pois é a chance do brasileiro ter contato com óperas maravilhosas, como ‘A Clemência de Tito’.

A qualidade da transmissão, tanto em imagem como em som, é uma vantagem a parte, já que o espectador do cinema tem acesso a ângulo do espetáculo que o público no Met Opera não tem.

Uma nova experiência

Débora e Felipe aprovaram a experiência da ópera no cinema, mas não deixaram de destacar a falta de incentivo para tais produções no Brasil e a vergonha de ter uma cidade “fantasma” da música, próxima de onde fica o UCI do Barra Shopping.

“Há gastos absurdos em mega evento ou em elefantes brancos como a cidade da música, quando podiam usar melhor os recursos públicos”, diz Débora. E Felipe engrossa o coro, assim como os estudantes Thomas e Pamela, que foram assistir a ópera pela primeira vezes no dia da transmissão de ‘A Clemência de Tito’, por pura curiosidade. Eles estavam interessados em saber como seria uma transmissão de um espetáculo de tal porte.Investir em produções brasileiras poderia ser interessante, usando o recurso da transmissão ao vivo agora nos cinemas. Lembrando que a rede UCI, em setembro, transmitiu ao vivo do Teatro Frei Caneca de São Paulo, um show de Bibi Ferreira, comemorando 90 anos.

Os jovens amantes de ópera só precisam de incentivo para buscar por coisas novas. A porta-voz da rede UCI no Brasil, Monica Portella, quando questionada sobre como surgiu a ideia de transmitir as óperas do Met Opera, ao vivo, nos cinemas brasileiros, disse que “a ideia é divulgar para despertar o interesse”.

“A exibição das óperas estimula o público a apreciar esse tipo de espetáculo a um preço acessível. Com essas sessões, o espectador brasileiro tem um acesso mais fácil aos grandes espetáculos mundiais,” observa Monica. “As transmissões são uma grande oportunidade para um público que gosta de óperas, bem como para um público geral que ainda não tem o costume de assistir estas apresentações”, completa.

A transmissão em tempo real dá a sensação de estar sentado na platéia. Isso é um diferencial para o público. Outro ponto interessante para quem está no cinema é a ópera legendada e também entrevistas com os cantores e produtores, além de imagens dos bastidores. Essa parte, infelizmente, não é legendada e só quem entende inglês vai curtir, pois a legenda é só para a ópera.

Sobre a experiência das primeiras exibições, Monica Portella revela que deu tão certo pois a sala do UCI no Rio de Janeiro estava praticamente lotada tanto na estreia como nas transmissões que se seguiram, com boa parte dos lugares vendidos dias.

Entre os clássicos, duas óperas inspiradas em obras do dramaturgo William Shakespeare foram transmitidas, textos conhecidos mundialmente, já que o autor atrai a atenção de fãs que já conhecem suas obras e de pessoas que ainda não as conhecem, mas sabem da grandiosidade de seus trabalhos e veem a oportunidade como uma ótima maneira de conhecê-lo.

A transmissão da temporada de óperas do Metropolitan Opera House acontece simultaneamente no Rio de Janeiro e em outras 11 salas de cinema da rede brasileira, que possuem a tecnologia via satélite, para a exibição ao vivo em HD, direto de Nova York. Além da capital fluminense, cidades como São Paulo, Curitiba, Salvador, entre outras, terão a chance de ver toda a temporada de 2012/2013.


Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
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Texto original:
http://www.oestadorj.com.br/cultura/conheca-o-conceito-de-opera-no-cinema-que-esta-chegando-ao-brasil/

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Autora independente mostra o poder de um fandom


Anny Lucard

Autora independente mostra o poder de um fandom

Fãs de série de livros nacional comemoram sucesso da autora Luciane Rangel e da ilustradora Ana Claudia Coelho no Rio

A autora da trilogia ‘Guardians’, Luciane Rangel, comemorou, no Rio do Janeiro, junto com a ilustradora dos livros Ana Claudia Coelho e fãs, mês passado, dois anos da publicação do primeiro volume. Contando com o apoio do grupo Novos Escritores, as duas encheram a Nobel do Norte Shopping de fãs e amigos.

Djan Skwar, um dos organizadores do evento, comentou particularmente feliz com o sucesso de Luciane Rangel pois foi a primeira autora a abraçar a ideia do grupo ao participar do primeiro evento promovido por ele. Eventos  como esse atualmente levam a literatura para a Zona Norte carioca.

A autora é um exemplo de trabalho de incentivo à leitura da nova geração de autores nacionais. Prova de que o sucesso de uma história, além de escrever algo bom, está nas mãos de um fandom (conjunto de fãs). Isso porque mesmo uma boa história pode terminar restrita ao seu tempo e se perder com o passar dos anos, mas uma história com fandom alcança as gerações futuras. Luciane Rangel faz parte de uma destemida geração de autores brasileiros que gosta de escrever literatura fantástica, apesar das críticas ainda grandes contra o estilo, já que a ideia pregada por muitos acadêmicos é de serem livros de qualidade inferior e com fãs histéricos.

O fandom de ‘Guardians’ e a paixão pela leitura

O que acadêmicos ainda não perceberam é que mesmo que muitos textos não sigam certos padrões. Há histórias muito boas e atacar um fandom, como é conhecido o grupo de fãs de uma determinada obra, não é vantagem para ninguém. Os bons textos, sejam literários ou roteiros, precisam de um fandom que passe aos mais jovens a paixão da leitura das histórias.

Os próprios textos clássicos precisaram de fãs, ou teriam sido esquecidos e nunca chegariam até os dias atuais. Professora do Magistério e formada em Direito, Luciane Rangel divide-se entre o trabalho de escritora e a Faculdade de Letras de Japonês, entre outras coisas. Quando perguntada sobre a história de ‘Guardians’, como outros autores brasileiros de literatura fantástica, ela teve que buscar fontes fora, dada a falta de tradição em textos fantásticos no Brasil.

Também apaixonada pela cultura japonesa, Luciana buscou referências orientais. Aprendeu a desenvolver personagens e história, com ponto de vista das histórias fantásticas do Japão, que chegaram ao Brasil principalmente em forma de animes e mangás. Luciane  e a ilustradora Ana Claudia Coelho falam que a parceria para os livros surgiu ao unirem as ideias para roteiros de quadrinhos de uma, ao trabalho de ilustração da outra.

Claudia Coelho, por exemplo, sugeriu de início um trabalho conjunto em quadrinhos, mas Luciane Rangel não é boa em desenho, tendo entretanto ótimas ideias de roteiro. Assim autora e ilustradora optaram por uma light novel, um tipo de livro com ilustrações que se populariza no Brasil, principalmente entre os jovens adultos leitores. Ambas destacaram a importância do fandom, que mesmo sendo uma questão que a maioria dos acadêmicos preferem ignorar, é a chave do sucesso e eternização de uma obra.

Seja fã das clássicas bruxas de William Shakespeare ou do bruxinho Harry Potter de J.K. Rowling, o fandom de uma obra não é um grupo que acha tudo lindo e nunca critica. Pelo contrário, os fãs são iguais a uma família e por conhecer bem personagens e história, adoram dar palpite e questionar.

Família unida

Dentro dos fandoms há questões discutidas como em qualquer família. No entanto, os membros do fandom são unidos e se defendem quando atacados por aqueles que, mesmo desconhecendo a obra a fundo, teimam em atacá-la por ser diferente do que estão acostumados.

No caso da nova literatura deve-se levar em conta que críticos que se restringem a um determinado tipo de texto, são como médicos especializados. Então, se um psiquiatra não pode operar alguém do coração, um crítico que só estudou os clássicos, não tem conhecimento suficiente para entender a natureza dos textos escritos fora desses padrões.

Uma boa parte dos escritores, quadrinistas e roteiristas nacionais já perceberam o que os acadêmicos não aceitando, que negar a nova literatura é manter a leitura restrita na elite, limitá-la a uma minoria. Independente do tipo de trabalho que fazem ou gostam, é importante quem buscam incentivar a leitura, apoiar iniciativas que divulgam a nova literatura, seja junto a grupos, como os Novos Escritores, ou individualmente, como os criadores de sites do tipo Adorável Noite e Portal Ju Lund.

Nem todo novo autor escreve como os da nova literatura, que surgiu com textos que falam principalmente aos jovens leitores. Uma tendência mundial, que surgiu recentemente e fez muito pelo incentivo à leitura no Brasil.

Com a falta de livros escrito por brasileiros que conversam com os jovens, especialmente os jovens adultos de literatura fantástica, foram importados muitos títulos, os quais abriram portas para ótimas histórias nacionais serem publicadas atualmente, mesmo que de forma independente.

Muitos autores brasileiros ainda bancam suas publicações, mas Luciane Rangel, ao se juntar com Ana Claudia Coelho para publicar ‘Guardians’ de forma independente e em formato de light novel, já possuía um fiel fandom, que a seguia na internet, incentivando as publicações.

Quanto vale ?

Ana Claudia Coelho comenta que “é fácil reconhecerem seu talento quando ele é disponibilizado de graça, mas depois da publicação, cada exemplar vendido para um desconhecido é comemorada por não termos ainda um nome que garanta a qualidade daquilo que se vende”.

A ideia de disponibilizar os textos gratuitamente, comum hoje entre novos autores brasileiros, surgiu em grupos de escritores de fanfic, que após escrever sobre o universo de personagens de outros autores, dos quais são fãs, passaram a desenvolver textos originais.

Quando questionada sobre os escritores que surgiram em grupos do tipo, Luciane Rangel revela que antes de escrever as próprias histórias escreveu fanfics também: “vejo essa forma de texto como um excelente exercício de criação e de escrita”.

“Acho que esta é, sim, uma ótima forma de incentivo. Temos ficwriters que não perdem nada em qualidade para escritores famosos”, complementa. Sobre a discriminação de escritores que começaram da mesma maneira e de alguns que infelizmente ao invés de criar histórias originais, tentam ganhar as custas do trabalho dos outros, Luciane Rangel deixa claro que “é preciso ter em mente que esse tipo de texto é apenas para entretenimento do autor, não podendo ser publicado para fins lucrativos, pois viola leis de direitos autorais. Mas como uma forma de prática para futuras histórias próprias, acho incrivelmente válido”.

Já quando fala sobre a discriminação, ela revela não entender qual a lógica. Isso porque basta dizer que começou escrevendo fanfic que a ideia que o autor “copia e por isso não pode ser original” para ignorarem a obra, independente da qualidade do texto. Quando na verdade todo autor precisa de referências para criar as próprias. Os livros de Luciane Rangel são publicações independentes, mas Ana Claudia Coelho comenta que isso não o desqualifica pois “tem material sem qualidade sendo jogado na mídia por força das costas quentes.

Tanto é verdade que ‘Guadians’ já foi o tipo de obra que algumas editoras disseram não publicar, mas também que encontrou empresas dispostas. Então, toda chance foi agarrada com força porque é um processo muito difícil. Dedicação aos fãs recompensada com envio de videos, de várias partes do Brasil, com depoimentos emocionados, que foram exibidos durante a festa para os membros do fandom carioca. Vários membros do fandom de ‘Guardians’ presentes fisicamente na livraria e também virtualmente, pois a celebração foi transmitida ao vivo pelo Novos Escritores.

Quem estava presente fisicamente ou online, participou de sorteios e pôde fazer perguntas tanto para a criadora da história como para a ilustradora que deu cara aos personagens.  Durante a festa foi lançado oficialmente uma história solo de duas personagens dos livros, ‘Micaela&Maire’, que é o 1º Livro Extra de ‘Guardians’. A história está disponível na internet gratuitamente em eBook.

No entanto, mesmo com a versão gratuita em eBook, a autora precisou disponibilizar uma versão do livro impressa para venda, já que os fãs queriam o livro para reuni-lo a trilogia em suas estantes.  Celebração que foi concluída com bolo e refrigerante para os presentes na livraria, que foi a única desvantagem de quem estava online.


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domingo, 2 de dezembro de 2012

O Rio de Janeiro de leitores


Anny  Lucard


O Rio de Janeiro de leitores

A Zona Norte carioca também gosta de literatura

No Rio de Janeiro, como em boa parte do país, ideias pré-concebidas continuam a impedir o desenvolvimento cultural de brasileiros. Ideias que tornam uma minoria de especialistas em áreas da cultura nacional, ditadora do que todos devem consumir. Únicos julgadores dos gostos popularesestigmatizam um povo tão eclético como o brasileiro de só gostar de futebol, samba e novela.

O que prova que essas afirmativas, geralmente, são opiniões pessoais, é o fato de que basta algo novo chegar ao conhecimento do brasileiro que ele assimila e logo incorpora a sua vida. Não falando somente de novidades, mas é graças a essa facilidade de assimilar que o Brasil se tornou a nação de hoje, que culturalmente tem tradições herdadas de várias partes do mundo.

Tanto é verdade que Juliana e Djan Skwara, do grupo virtual Novos Escritores, tornaram o projeto físico, produzindo eventos literários, comuns na zona sul carioca, para zona norte. Contrariando a afirmativa que evento do tipo na região não é bem visto, pois ninguém lê nessa parte da cidade.

O que ocorre é que os leitores da zona norte costumam ir a zona sul para participar dos eventos e, por isso, o projeto Novos Escritores chamam a atenção dos fãs de literatura da região e começa a motivar os autores a participar. Eventos que estão ocorrendo em uma livraria de um dos maires shoppings da zona norte do Rio, como também em algumas escolas, ou mesmo no Complexo do Alemão.

Como podem afirmar que o povo não gosta de algo que ele não conhece?

Quem mora no Rio sabe que a cidade é culturalmente dividida. Enquanto a Zona Sul tem os melhores programas culturais, a Zona Norte é restrita ao que acham que o povo da área gosta.

também acontece na Zona Oeste, que se divide entre Barra da Tijuca, repleta de atrações culturais, e Jacarepaguá, que praticamente só tem a Bienal do Livro. Então, falar que um grupo só gosta de uma determinada coisa é muito fácil quando ninguém dá a oportunidade de conhecerem algo novo.

O jornalista e escritor Edson Gomes falou animado sobre os eventos dos Novos Escritores que participou. Além de sempre prestigiar os colegas autores indo aos eventos, mesmo que não esteja participando, Edson Gomes já fez parte de vários produzidos na zona norte, como o que aconteceu a algumas semanas no Alemão, junto com o Recicla Leitores.

O evento aconteceu no Teleférico do Complexo do Alemão e foi uma comemoração de aniversário do Recicla Leitores, que arrecada livros para serem entregues em comunidades do estado (RJ), com o objetivo de despertar a paixão pela leitura. Teve distribuição de livros para crianças e adultos, apresentação musical do grupo Cantando Livros, teatro de palhaços, poesia e a presença de outros autores, como Roxane Norris.

Edson Gomes é um dos autores no Novos Escritores, que busca aproxima física e virtualmente leitor e escritor, e também faz parte do Fantastiverso, todos escritores de literatura fantásticas, do qual 6 participaram de um evento com apoio da Nobel do Norte Shopping.

O grupo Novos Escritores já reuniu na livraria grupos de autores parceiros, como o Fantastiverso, para esses eventos literários, mas nesse em especial tiveram a primeira transmissão ao vivo, via web, possibilitando a interação de leitores de fora do Rio.

Velasco, que também faz parte do Fantastiverso, falou sobre o grupo, que tem como lema “juntos somos mais fortes”. A autora comenta que, ao se unirem, há a ampliação da rede de pessoas e meios, aumentando significativamente os recursos e tornando mais fácil divulgar os trabalhos.

Velasco, também fala da amizade que fortalece o grupo, que auxilia nos momentos difíceis e de desânimo. Revelando que não há necessidade de hostilidade entre os escritores, que há espaço para amigos e não precisam ser hostis e competitivos uns com os outros, pois possuem os mesmos objetivos, contar uma boa história e incentivar à leitura.

organizadores do projeto Novos Escritores, Juliana e Djan Skwara, sempre gentis e animados, falam da dificuldade de conseguir lugares para a produção dos eventos e que seria interessante um espaço também fora de livraria, para dar mais liberdade para os autores.

Situação que se complica no caso da Zona Norte, que nem há muitas livrarias qualificadas, como há no Norte Shopping. Isso também acontece em Jacarepaguá. Autores como Lu Piras, Ben Green, Jéssica Anitelli e Lívia Lorena, que também fazem parte do Fantastiverso, junto de Edson Gomes e Elaine Velasco, falam de suas interessantes histórias.

Mas assim como a maioria dos escritores nacionais fantásticos, eles sofrem com a falta de apoio e crítica que resiste ao novo na literatura brasileira, não aceita que os escritores da atualidade inovem, ao seguir as tendências mundiais.

Lívia Lorena e Jéssica Anitelli são autoras que se aventuram pelo mundo dos vampiros, com séries de livros dos eternos queridinhos da literatura fantástica mundial. Elaine Velasco conta uma história com foco em anjos, assim como Lu Piras, que inclusive tem o Rio de Janeiro de cenário em sua história. Enquanto Ben Green mostrar os primórdios do mundo, numa época que o fogo era sagrado.

Já Edson Gomes se inspira com os conhecimentos espíritas e escreve uma fantástica história inspirada nos livros de Allan Kardec como pano de fundo, mostrando que não é só a Bíblia que pode inspirar boas narrativas; mencionando lugares no Rio de bairros da Zona Norte e Oeste carioca pouco lembrados, como Campinho e Praça Seca.

Os eventos dos Novos Escritores na Zona Norte variam desde lançamentos, como o de ‘Immortales’ de Roxane Norris, a eventos comemorativos. E assim reunindo autores para apresentarem suas obras aos leitores e divulgar grupos de autores dos mais variados. Como aconteceu no mais recente do Ciranda de Escritores, que contou com a presença de autores de longe como o Maurício Gomyde de Brasília (DF), além de Roxane Norris, Adriana Igrejas, Uole da Silva, Chaiene Barboz e Thayane Gaspar.

Autores estes que possuem histórias que vão desde conteúdo sobrenatural ao autobiográfico, do drama ao romance. São talentos literários nacionais que precisam de respeito, motivação e divulgação adequada, pois boas histórias sempre agradam seu público-alvo. Mas para isso precisam ser bem divulgadas.

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Literatura para jovens leitores

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Literatura para jovens leitores

A literatura que forma os amantes da leitura do futuro



Um fenômeno atual no país são os projetos de incentivo à leitura, os quais abrem uma questão quanto a obrigação acadêmica não ser a mesma coisa que incentivar à leitura. Educadores sempre indicam livros acadêmicos aos jovens leitores e não entende o motivo de não gostarem de ler os indicados.

Ler um texto para prestar um concurso, é uma coisa, mas obrigar o jovem a ler livros que em geral não é maduro para ler, ou repletos de parábolas moralistas, pode causar problemas futuros, como total desprezo pela leitura.

A questão foi o foco do debate, mediado pela autora Ana Cristiana Rodrigues, sobre formação de jovens leitores, na Casa de Leitura no Rio de Janeiro, durante o lançamento do livro ‘O Estigma do Feiticeiro Negro’ (Editora Ornitorrinco), de literatura fantástica brasileira com foco no público jovem, escrito por Melanie Evarino e Miguel Carqueija.

Durante o debate, muito foi falado e tanto os autores que lançavam o livro, como os convidados Ana Lúcia Merege, autora de ‘O Castelo das Águias’, e Estevão Ribeiro escritor e desenhista destacaram alguns livros que a crítica costuma atacar. Livros com foco no público juvenil, de novos autores, que mesmo com os ataques são responsáveis por despertar o gosto pela leitura em muitos jovens, inclusive pelos clássicos.

Incentivar a nova literatura juvenil ou não incentivar, eis a questão?

No Rio de Janeiro há muitos projetos de incentivos à leitura acontecendo e vários deles envolvem autores brasileiros, que buscam escrever algo prazeroso de ser lido. Textos para os jovens leitores e também aos que não possuem o hábito de ler e querem algo diferente como forma de lazer.

Livros muitas vezes discriminados, que por ironia são os que aumentam o número de leitores a cada ano, graças ao prazer de ler que despertam. Textos odiados pela crítica e que na maioria são de literatura fantástica juvenil, como os livros da série ‘Crepúsculo’.

Também na lista de odiados pela crítica, os quadrinhos são mencionados por Estevão Ribeiro, que destaca a importância do primeiro estímulo. Criador das tiras ‘Os Passarinhos’, fala da importância também dos quadrinhos como forma de estimular o interesse pela leitura.

Sobre o ódio da crítica por livro que seguem o estilo de ‘Crepúsculo’, Ana Lúcia Merege comenta que é importante para o jovem leitor ter livros que falem a mesma língua, afirmação que os outros autores presentes concordaram:“dizer que o jovem brasileiro não lê, é absurdo. Jovens estão lendo e cada vez mais, mas não o que querem obrigá-los”, afirma.

Antes de obrigar os jovens a ler os clássicos brasileiros, é interessante uma busca entre os novos autores nacionais. Miguel Carqueija falou de algumas raridades publicadas e que hoje não estão disponíveis, como da lista de livros que ele deseja ler, pois há muita coisa nova interessante nas livrarias, tanto de autores brasileiros como de estrangeiros.

No entanto, falta divulgação adequada, enquanto os nacionais na maioria das vezes são ignorados pela crítica, os estrangeiros são atacados. Porque boa parte dos críticos parecem mais interessados em apontar defeitos na literatura estrangeira, muitos obviamente de caráter pessoal, que incentivar à leitura no país.

Novidades literárias para o público feminino geram críticas

Além dos títulos estrangeiros publicados a cada ano, novos livros nacionais são lançados também, mas só encontramos críticas que atacam livros estrangeiros, como a nova sensação literária, que apesar de ser um livro para o público feminino adulto, acabou por abrir um parêntese durante o debate.

Foi impossível o assunto não ser abordado, quando os livros de Stephenie Meyer foram mencionados, já que a autora E.L. James de ‘50 Tons de Cinza’ é fã declarada da criadora de ‘Crepúsculo’.

Não foi difícil perceber um “efeito Crepúsculo parte 2”, no caso E.L. James, pois assim como aconteceu com Meyer, os livros de James são atacados com fúria e o que seria apenas mais uma história, entre as escritas para o público feminino, é lido também por pura curiosidade por causa das agressivas críticas.

A autora Ana Cristiana Rodrigues que é mediadora de leitura, falo que leu os polêmicos livros de Meyer e James, e se gostou ou não, é uma questão pessoal, mas falou que quem tiver interesse nos livros,  deve ler.

A mais jovem do grupo presente, Melanie Evarino, de 20 anos, foi questionada sobre o que a motivou a ler e principalmente a escrever. A jovem autora não hesitou ao afirmar que foram os RPGs, uma tipo de livro/jogo que nem é visto como literatura aqui.

Pouco conhecido, o livro de RPG é discriminado por pura ignorância, já que a maioria nem se dá ao trabalho de saber do que se trata, associando os jogadores a cultos malignos e bobagens semelhantes.

No entanto, o livro de RPG são uma ótima forma de desenvolver a criatividade, incentivar à leitura e pode até despertar o talento para as artes cênicas.

Uma coisa ficou clara com o debate, é que está na hora de rever conceitos em relação a forma de incentivar à leitura no Brasil.

A época que os livros infanto-juvenis eram apenas didáticos já passou. Assim como o tempo em que as mulheres precisavam se esconder atrás de pseudônimos masculinos, reproduzindo o estilo dos mesmos de escrever, para terem seus textos respeitados.

Os livros juvenis não devem ser usados para doutrinar, como se fazia no passado. No entanto, é válido a ideia de passar conceitos que sejam inspiradores.

Estevão Ribeiro lembrou do lado extremista, que não aceita inclusão de valores nos textos para os jovens. Porém os presentes concordaram, que valores universais são válidos, mas os “livros infanto-juvenis como forma de doutrinação são perigosos, pois os escritores seguem filosofia de vida diferente.”

O respeito pela literatura e pelo leitor deve existir como um todo, não por um determinado tipo de texto e leitor. Autoras criaram o estilo chick, onde muitos dos textos são escritos para o público feminino adolescente e não faz sentido críticos atacarem livros do tipo com piadas e comentários machistas.

A literatura já foi um terreno só de homens, onde apenas o universo masculino era retratado. Hoje, com a inclusão das autoras não deve existir discriminação aos textos que descrevem o universo feminino.

É hora de começar a respeitar o novo, para o antigo ser preservado. Ninguém ganha com o incentivo ao ódio pela nova literatura ou desprezo pela antiga.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações


Anny Lucard

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações

Autora mistura a cultura brasileira e japonesa, criando novo tipo de história vampiresca

Quem gosta de histórias vampirescas atualmente se divide entre as novas histórias e as clássicas, que seguem a linha do autor Bram Stoker, o criador de Drácula, o qual tem em 2012 seu centenário de morte, comemorado pelos fãs com alegria e a certeza da imortalidade de sua obra e talento, não com tristeza.

A ideia de divisão de tipos de vampiros, assim como o termo vampiro clássico, surgiu recentemente por conta dos fãs da criatura mais demoníaca, que renegam a humanização de tais seres, como acontece nas histórias escritas por autora como Anne Rice, das Crônicas Vampirescas, e Stephenie Meyer, da Saga Crepúsculo.

Assim como Stephenie Meyer, a autora Anne Rice causou muito “ti-ti-ti” quando lançou seu primeiro livro. Na época, década de 1970, contar uma história de vampiros lindos e humanizados como ‘Lestat’ e ‘Louis’, os quais tinham a pequena vampira ‘Cláudia’ como uma espécie de filha, causou muitas críticas e também garantiu a autora fãs apaixonados, que a defenderam com unhas e dentes, como assim fazem, hoje, os da autora da Saga Crepúsculo. Rice não teve menos críticas do que Meyer, pois até  chamada de “louca” quando buscava por uma editora para publicar o primeiro livro, ‘Entrevista com o Vampiro’, ela foi. Essa revelação partiu  da própria Anne Rice durante o bate-papo com os  fãs brasileiros na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro de 2011.

Unindo culturas em histórias sobrenaturais

No entanto, parece que não são só as autoras vampirescas americanas que buscam inovar ao falar de vampiros. Fã declarada de Anne Rice, inclusive presente durante o bate-papo no Rio com a autora americana, a ilustradora e escritora Giulia Moon de São Paulo, resolveu contar uma história de vampiros diferente, misturando lendas ocidentais e orientais.Com descendência japonesa, Giulia Moon mostra em suas histórias sobrenaturais um pouco da ainda desconhecida cultura oriental, onde muita coisa difere do ocidente, inclusive as lendas, pois os orientais geralmente humanizam as ditas criaturas demoníacas.

Foi o toque de humanização abordado amplamente por Giulia Moon em sua série de livros Kaori, publicação da Giz Editorial, que tornou uma vampira japonesa, que morar nos tempos atuais entre as cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro, tão interessante.A sempre sorridente Giulia Moon, falou um pouco sobre sua vampira Kaori, durante uma entrevista, após o lançamento carioca do primeiro livro solo da série, ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, que foi lançado durante a Bienal do Livro paulista 2012.

O livro solo, além de ter ilustrações da autora, conta uma história do passado da protagonista, quando ainda estava no Japão, durante um dos grandes terremotos ocorridos no país. A história não é continuação dos livros ‘Kaori – Perfume de Vampira’ e ‘Kaori 2 – Coração de Vampira’, mas a autora revelou que ocorre entre os acontecimentos presentes do livro um e dois.

Revelações de um universo infinito

Quanto ao termo kyuketsuki, muito usado ao se referir a Kaori, a autora explica que os japoneses geralmente usam o termo vampaia, uma espécie de adaptação do termo inglês vampire: “nos meus livros, os kyuketsukis são vampiros japoneses, que embora tenham características dos vampiros ocidentais, são tão estranhos quanto um japonês pode ser aos olhos ocidentais.”Giulia Moon comenta que “muitos deles são antigos, são japoneses da Era Tokugawa, pessoas que foram criadas e viveram num mundo muito diferente, de hábitos e moral completamente estranhos para os ocidentais.

“Quanto ao novo livro seguir o estilo das famosas light novel, estilo de publicação popular no Japão tanto quanto os mangás (quadrinhos japoneses), Giulia Moon revela que buscou algo diferente para ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, por ser uma história solo e não o Kaori 3.Sobre a protagonista, ela revela que trata-se de “uma menina japonesa de catorze anos bela e frágil, que cresceu na Era Tokugawa, no Japão do século XVII. Tem um delicioso perfume natural desde bebê, que atrai e fascina as pessoas ao seu redor, daí o seu nome, Kaori, que em japonês significa perfume ou fragrância“.

Diferente de muitas das protagonistas de histórias de vampiro, a Kaori de Giulia Moon revela que nada é preto e branco, tudo possui tons de cinza. “Por trás da beleza e suavidade de Kaori, existe uma mulher forte e inteligente, que vai enfrentar os seus inimigos com a coragem de um samurai e a paciência de um monge”, conclui.Uma das peculiaridades dos livros da autora é a mistura de criaturas de lendas das duas culturas. Começa com vampiros, mas logo revela seres dos mais variados, que vão desde a lenda do boto brasileiro da região amazônica; até a curiosa lenda japonesa de um bebedor de sangue, o kappa, que em alguns relatos também adora comer pepinos.

“Portanto, são parentes muito distantes do vampiro” comenta a autora divertida.Com um fandom cada vez maior, os eventos de lançamento, tanto em São Paulo como no Rio contaram com a presença de fãs caracterizados. Feliz com tanto carinho, Giulia Moon aproveitou para falar do convite para a Feira do Livro de Porto Alegre, que terminou no fim de semana passado.Ela participou do dia dedicado à literatura fantástica, com presença de vários autoras nacionais, elogiando o trabalho de apoio feito por Duda Falcão, Christopher Kastensmidt e Cesar Alcázar no Rio Grande do Sul.

De acordo com Giulia Moon, eles fazem um ótimo trabalho para unir autores de vários estados, o qual iniciou na 1ª Odisseia de Literatura Fantástica, que teve a presença de autores fantásticos de várias partes do Brasil, inclusive cariocas, em abril passado na capital gaúcha.


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Jedicon Rio de Janeiro 2012


Anny Lucard

Jedicon Rio de Janeiro 2012

A força dos fãs continua forte

Anny LuccardNo fim do mês de outubro, dia 27 para ser mais específico, aconteceu no Rio de Janeiro a Jedicon 2012. Um evento anual feito por fãs e para fãs de uma das mais antigas e bem sucedidas histórias contadas em multiplataforma de mídia, a saga ‘Star Wars’. As histórias dos Jedis do cineasta George Lucas, não só possuem filmes, mas seu universo estendido conta com diversos livros, quadrinhos, animações e muitos produtos que levam a marca da franquia.Famosa até para quem não é fã, ‘Star Wars’ já fez parte até do enredo de uma das escolas de samba cariocas, onde os Troopers, soldados do Império, compunham uma ala inteira, com o vilão mais amado e temido da história, Darth Vader, em destaque.

Completando 35 anos desde a estreia nos cinemas do primeiro filme, que na época era apenas ‘Guerra nas Estrelas’, o qual posteriormente passou a ser chamado de ‘Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança’; a franquia continua despertando interesse de antigos e novos fãs, como é o caso de Francisco Figueiredo Jr, Projetista Mecânico, que ao se casar, entrou na igreja ao som da ‘Imperial March’, um dos temas da saga, e que além do apoio da esposa, não deixará de ensinar a filha “o lado Jedi da força”. Com um dos fandoms(conjunto de fãs) mais apaixonados e de gerações variadas, composto de pais, filhos e provavelmente até netos, não é difícil acontecer reuniões anuais pelo mundo. Eventos organizados pelo “Conselho Jedi”, como é conhecido mundialmente o fã-clube de ‘Star Wars’, acontecem anualmente pelo mundo, inclusive em cidades brasileiras como o Rio de Janeiro e São Paulo.

Conselho Jedi RJ

No Rio de Janeiro temos um evento anual organizado pelo Conselho Jedi local, que esse ano aconteceu no Planetário, com o apoio da prefeitura. A professora de inglês Luciana Mattos, que já esteve em várias Jedicons cariocas, comentou que atualmente são tantos fãs, que o planetário parecia uma verdadeira micareta de tão cheio. Já Francisco Paulo do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, presente na Jedicon  RJ 2012, ressalta que “é curioso ver os fãs reunidos, pois os mais antigos geralmente são contra e até se mostram amargurados quanto ao universo estendido”, declarando só gostarem da primeira trilogia produzida, renegando a nova trilogia e tudo mais.

Enquanto a nova geração de fãs, mais familiarizada com a multiplataforma, consome tudo que tenha a marca ‘Star Wars’. Inclusive buscando material do outro lado do mundo, como é o caso dos mangás produzidos no Japão.O evento desse ano contou com a presença de Fernando Caruso, humorista do grupo “Comédia em Pé”, que comandou uma mesa de humoristas sobre a saga. Algumas palestrar reuniram os críticos de cinema Eduardo Miranda e André Gordirro, além da exposição de imagens e cards originais de 1977, época da estreia do ‘Guerra na Estrela’ original, junto de uma réplica oficial e motorizada do R2-D2, um dos dróides principais da história.Dias após a Jedicon carioca, uma notícia bomba causou um distúrbio na força, quando o Twitter oficial de ‘Star Wars’ anunciou que a Lucasfilm foi vendida, por cerca de US$ 4 bilhões, para a Disney.

Qual o futuro da Saga, no pós-compra pela Disney?

Fãs do Conselho Jedi pelo mundo se dividiam, uns preocupados, como foi o caso de  Francisco Figueiredo Jr que comentou que o problema da compra é sempre o fato de “quem compra dita as regras”. Se isso afastar as produções futuras, como das animações, da linha natural da Lucasfilm, o desgosto surgirá entre os fãs.Tal medo foi expressado por outros fãs pelo mundo, tanto no Twitter como em outras redes sociais. Porém, além da incerteza quanto ao futuro da saga, também surgiu uma nova esperança, com a expectativa de um novo filme para o cinema. Porque junto com o anúncio da compra da Lucasfilm, a Disney informou que também seria produzido o filme 7 de ‘Star Wars’, com previsão de estreia para 2015.

Filme que há muito tempo é prometido, que até o ator Mark Hamill que interpretou Luke Skywalker na primeira trilogia produzida, chegou a fazer especulações a respeito, na época da estreia de ‘O Retorno de Jedi’.Enquanto fãs pelo mundo trocam ideias pela internet sobre o novo filme, envolvendo também  comentários de Mark Hamill, o qual falou que o foco da história seria em Luke e sua luta para não seguir o mesmo caminho do pai, se deixando levar para o lado negro da força. Outros não resistem em fazer piadinhas nas redes sociais, usando inclusive montagens para reunir personagens de ambos os estúdios, como foi o caso da princesa Leia de ‘Star Wars’ junto das princesas da Disney.

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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quem conta um conto, aumenta um ponto


Foto: Divulgação

Quem conta um conto, aumenta um ponto
A multiplataforma inova a velha arte dos contadores de histórias
Postado em 29 de outubro de 2012 por Anny Lucard em Cultura - Jornal O Estado RJ

A ideia base da multiplataforma já existia, surgida há tempos atrás, quando as histórias orais passaram a ter versões escritas, na forma de livros, e interpretadas, no teatro. Já a multiplataforma, como conhecemos, surge na sociedade atual, por causa do consumo acelerado de novidades, informação e entretenimento, que obriga os profissionais a fugir do tradicional adaptar e repetir em diversos meios.O melhor exemplo de uma história contada em multiplataforma é a franquia ‘Resident Evil’, que começou a contar sua história em um game e seguiu para outras mídias.

Geralmente com foco em um determinado personagem ou situação, criando assim um universo ficcional rico e amplo, com fãs de diversos tipos. A autora Vivianne Fair, adepta do trabalho em multiplataforma, fala que no caso de suas histórias, há quem prefira só os contos, os que gostam das tirinhas, que curtem ouvir os audiocontos e aqueles que só acompanham os livros de ‘A Caçadora’ e ‘O Caçado’. Séries de livros, como as que deram origem a ‘True Blood’ e ‘Games Of Thornes’, devem a multiplataforma o sucesso, pois ganharam o mundo ao recontarem suas histórias na TV.

Já no Brasil, ainda não há muitos que acreditam na multiplataforma, mas alguns se inspiram com o trabalho dos colegas no estrangeiro. “Adoro dar vida aos personagens e ainda mais fazendo algo que sempre havia sonhado em fazer: dublagem”, comenta Vivianne Fair, quanto aos audiocontos de Jessi e Zack, onde dubla sua caçadora.

Não é uma adaptação, é uma nova visão da história

Vivianne Fair, além de escritora e desenhista, também é uma fã de várias histórias em multiplataforma, por isso sabe bem quais as vantagens e desvantagens do trabalho.Ela comenta: “hoje em dia as pessoas estão saturadas de coisas repetitivas e só tem destaque quem mostra algo novo. Gosto de tentar de tudo, então para mim as vantagens são inúmeras, pois amo tudo que faço.”Enquanto Vivianne Fair gosta de trabalhar diretamente em cada meio, Rafael Pombo, criador de ‘Elementais’, acha interessante ter outros envolvidos com sua história, porque é saudável trabalhar o desapego do que cria, o que permite que a história ganhe outros formatos com diferentes visões, pois nem sempre o autor trabalha no projeto. “Se desejarem meu envolvimento, estarei disposto, mas não é necessário”, comenta, admitindo que seria legal participar.

A autora Nazarethe Fonseca sabe exatamente o que é isso. Ela teve personagens de seus livros ganhando vida na websérie ‘Alma e Sangue’. e comenta o evento:“escrevi o argumento e o diretor Caio Cobra fez o roteiro. Foi muito interessante o resultado. Dividiu opiniões, e tenho certeza que foi algo inovador.”Opiniões divididas é uma das características comuns das histórias em multiplataforma. No entanto, na opinião do editor da Aleph, Adriano Fromer Piazzi, que publica a série de livros ‘Alma e Sangue’, mesmo com as diversas vantagens, a maior desvantagem é sempre o fã que não gosta de multiplataforma.

“Fãs devem ser levados muito em consideração”, afirma Adriano Fromer Piazzi. “Temos que entender o que eles querem e respeitar suas idiossincrasias. Mas, óbvio, como tudo no mundo, é impossível agradar a todos.”Mariana Travieso Bassi, da área de comunicação e marketing da editora Oráculo, que publica ‘Elementais’, acha o movimento muito interessante, no qual a expansão do conhecimento e a “experiência do leitor com a obra e seus derivados; aumenta-se também as possibilidades de contato com o público potencial”.

No entanto, o autor Rafael Pombo destaca uma grande vantagem junto aos fãs, pegando como exemplo os filmes de ‘Resident Evil’, o estímulo à curiosidade; no caso da franquia acerca dos games nos quais se originaram. Sem levar em conta a questão de ser melhor ou pior, pois não é uma obra única, fechada e linear, como um romance.A multiplataforma “possibilita desdobramentos variados, ou uma franquia que abarca diversas mídias. Tudo é uma questão de intenção e receptividade do público. No fim, o melhor é o que alcança os objetivos pretendidos”, comenta o autor.

O importante para ter um projeto multiplataforma de sucesso, trabalhando ou não junto com os autores, é fazer um bom trabalho e saber que não irá agradar a todos. Porém, é sempre interessante divulgar entre os fãs do que se trata exatamente essa forma inovadora de contar história, para evitar frustrações desnecessárias.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Literatura marginalizada: quando os discriminados ganham voz

Entre gêneros e mercado, o que importa é a formação de novos leitores


Foto: Anny Lucard

Hoje o acesso à leitura facilitado cria mudanças significativas, o que faz os profissionais na área literária dividirem opiniões quanto ao que é boa literatura. Discriminação não deve ocorrer, na opinião dos editores da Ornitorrinco, Alícia Azevedo e Henrique de Lima, afinal a literatura agora está ao alcance de todos, não é restrita a uma minoria, que no passado era formada apenas por ricos, brancos e homens.

A mulher passa a ler, e também escreve, primeiro seguindo os padrões da literatura feita pelos homens, mas logo cria um gênero típico feminino, o chick-lit.Esse gênero hoje é visto como um estilo literário próprio, o Chick, com vários sub-gêneros, mas não é aceito por todos.O editor da Andross, Edson Rossatto, e autor de ‘Toque para Mulheres’, pensa em moda, pois a literatura atual também cria ‘febres literárias’ que movimenta o mercado editorial: “no momento, o gênero em alta é o erótico chick, como o best-seller ‘50 tons de cinza’ da E.L.James”, comenta.

Os editores da Ornitorrinco falam da mulher compor o maior público leitor:“pesquisas já mostraram que as mulheres compram e leem mais livros do que os homens, assim, é inevitável esse movimento do mercado para atingir esse público.”Já o editor Richard Diegues da Tarja, se preocupa mais com a padronização dos textos, seja da literatura Chick, ou outras igualmente discriminadas, como a Fantástica e Queer, o que dificulta a publicação de obras inovadoras, lamentando que “nem sempre os editores podem ter o prazer de publicar conteúdo realmente relevante”. Destaca a discriminação da literatura Queer, por editoras conservadoras, já que a Tarja investe em sua coleção ‘A Fantástica Literatura Queer’.

O que pensam os autores das ditas literaturas marginalizadas?

Quando falamos de literatura Chick, a crítica passa uma visão de texto fútil, de baixa qualidade, superficial e estereotipada, mas o autor Luis Eduardo Matta, mostra que não é bem assim. Criador da série ‘As Bem Resolvidas (?)’, se prepara para lançar o segundo livro e fala animado que é um prazer escrever Chick. “Todo tipo de literatura sofre preconceitos. É normal.

Mesmo a literatura clássica costuma ser acusada de ser difícil e hermética.”“Os críticos têm motivações muito diferentes,” fala o autor, que não perde noite de sono com crítica ruim. Defensor da literatura e autores dedicados a gêneros historicamente pouco explorados no Brasil, Luis Eduardo Matta comenta não ser partidário da ideia de que um tipo de literatura deva se sobrepor a outros. A favor da convivência, ele diz: “quanto mais variedade ficcional o Brasil tiver, mais rica será a nossa literatura”.A literatura Fantástica, em foco atualmente, graças a séries de livros que foram adaptadas pelo cinema, como ‘Harry Potter’ e ‘Crepúsculo’, se tornou a primeira literatura de minoria, discriminada, a ganhar o mundo.

No entanto, ainda é claro que há resquícios da questão cultural relacionada à soberania masculina na literatura e suas ideias patriarcais, embora ocorra mudança como observa Márcia Rubim, autora do romance sobrenatural ‘Adeus à Humanidade’.“Acontece é que a maioria dos críticos literários são homens e, pela própria natureza, tendem a gostar mais de gêneros que envolvem mistério, aventura, fatos históricos ou econômicos. Já as mulheres, apesar de muitas delas também gostarem de outros estilos literários, se inclinam mais para o romance”, comenta a autora que faz parte do grupo de escritoras “Entre Linhas e Letras”.

A autora da série ‘Garota apaixonada’, Carol Estrella, também do “Entre Linhas e Letras”, não acredita na discriminação por causa do sexo, pois hoje há muitas escritoras de sucesso. Escritora de chick-lit, ela acredita que o problema da crítica negativa acontece mais por causa de professores e doutores da área, os quais geralmente não reconhecem os chick-lit como literatura, pois são contra a linguagem realista e intimista dos jovens.

Já Roxane Norris, que recentemente lançou seu livro ‘Immortales’, acha que discriminação é uma palavra forte, que o caso é as várias fontes críticas, especialmente entre blogs literários, onde há desde crítico professor ao leitor compulsivo.

O papel da crítica

Os blogs literários ajudam muito na divulgação dos autores nacionais, mas tem que ter uma preocupação quanto ao embasamento na crítica. Mesmo que seu livro de literatura fantástica não seja um chick-lit, ela revela que é mulher e gosta do fator romântico em sua história. Porém, em uma literatura construída por homens, até a Fantástica famosa por ousar, sofre críticas ruins quando inclui a sensibilidade e o romance, marca dos Chick. O que para a autora Ju Lund é lamentável, a qual lança pela Ornitorrinco o romance fantástico ‘Doce Vampira’, que mistura também literatura Chick e Queer.

Ju Lund inova ao colocar um casal formado por jovens mulheres protagonizando uma história romântica e questionada quanto à escolha, não só pela literatura Fantástica, mas por unir três estilos literários discriminados, a autora fala que seu desejo é que homens e mulheres tentem se libertar de todo e qualquer preconceito. Críticas são boas desde que sejam construtivas, opiniões ultrapassadas ou pessoais devem ser questionadas e nunca aceitas como verdade.

O que editoras e autores precisam é uma nova visão crítica da literatura, uma melhor definição de estilos e gêneros, pensando também no público alvo, como já acontece no estrangeiro. A publicação de ‘Doce Vampira’ é uma inovação, mas sem perder o foco em alguns padrões básicos. A autora revela ser um livro com foco em um romance entre uma garota humana e uma vampira, o que é algo inédito entre romances nacionais, assim como a forma que o assunto é tratado, com o mesmo grau de sensibilidade que nos romances entre um homem e uma mulher.

“Anseio que as pessoas leiam o livro e percebam que preconceito é coisa do passado e não deve mais ser levado a diante,” comenta. Ela ainda afirma que seu romance queer chick pode ser lido sem restrições, desde que esteja aberto ao novo. Márcia Rubim conclui ao falar que “independentemente de serem criticadas, não há como negar que várias autoras contribuíram, e muito, para a formação de novos leitores”, o que para a autora é o que importa.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Editora tradicional vs editora sob demanda

E os autores, como ficam nessa história?


Foto: Anny Lucard

Quando o assunto é publicação de livros no Brasil, duas formas são as principais no mercado: as editoras tradicionais e as sob demanda. A editora tradicional não faz propriamente uma análise de qualidade, mas publica “o que é válido para seu selo”, como observa o consultor em publicações Marcelo Paschoalin, autor de ‘A Última Dama de Fogo’ e ‘Eriana - Filha da Morte e Vida’. Já a sob demanda é paga pelos autores para publicar, mas não trata-se de uma gráfica, pois ao se denominar editora, precisa disponibilizar o mínimo de qualidade em suas publicações.

Difícil para os autores é saber quem é quem em meio a tantas editoras novas, o que em alguns casos mistura publicações tradicionais e sob demanda. Algumas buscam se destacar em uma dada área ou mesmo na busca de autores com um diferencial, como é o caso da Editora Ornitorrinco, a qual foi fundada por Alícia Azevedo e Henrique de Lima, editores que são apaixonados por livros. “Queremos ficção histórica e não-ficção, queremos poesias e infantis, queremos acadêmicos e graphic novels. Queremos montar um catálogo variado e sempre surpreendente”, declaram Alícia e Henrique.

Quanto a qualidade das publicações tradicionais e sob demanda, os editores da Ornitorrinco declaram que não é uma tiragem tradicional ou sob demanda que vai influenciar o tipo de publicação. “A tiragem sob demanda facilitou em muito as publicações, principalmente de novos autores, tanto as boas quanto as ruins”, informa Henrique, se referindo aos autores que vieram de publicações independentes, como André Vianco e Eduardo Spohr, que se tornaram best-sellers a partir de publicações pagas do próprio bolso.

O professor  Dio Costa, pós-graduado em literatura brasileira e também poeta e músico, fala que as publicações possuem várias esferas e que refletem seu público que, por sua vez, espelha a qualidade, ou a falta dela. “Muitas das obras que surgem e que tem dominado o mercado demonstram uma preocupação maior com o público atual”, comenta. “Tais publicações atendem às expectativas da sua época, sendo uma mercadoria viável e vendável, aceita pelo público e, consequentemente, lucrativa. O que não quer dizer que não exista algo de clássico. Isso porque algumas obras atuais possuem o clássico nas entrelinhas", reflete.

Qualidade das publicações

“O bom livro é um paradoxo,” declara o professor com formação em Letras, Igor Ferreira. “Pode ser aquele que dialoga com o leitor, complementa seu universo, reflete seu mundo particular e psicológico, aquele que encanta.” Já Dio Costa afirma que dizer que os clássicos são ‘a verdadeira literatura’ é algo extremo, pois um clássico “nada mais é do que aquela obra já considerada antiga, mas que possui alguma característica reconhecida e aceita na atualidade”. O professor também destaca que podem servir de estudos para outras áreas, como a História, mas são os traços atemporais que mostram a força da obra.

Quanto à crítica especializada em uma determinada área da literatura ou em textos de um autor, o bom livro pode ser aquele que leva o leitor a compreender universos desconhecidos ao alçar mais que o idioma, seguindo a outro patamar de compreensão. “Gosto da expressão: Machado convence, mas não encanta. José de Alencar encanta, mas não convence. Ambos são geniais e grandes nomes da literatura do século XIX.”, comentou Igor.

Em relação à qualidade das publicações, quanto à fama das editoras sob demanda de publicarem “livro de qualidade inferior”, enquanto muitos livros de conteúdo duvidoso são publicados pelas grandes editoras tradicionais, só por serem de alguém famoso, Igor Ferreira, também formado em cinema e produtor teatral, fala que o mundo consumidor ainda precisa de um selo de aprovação, para consumir. “Isso não só acontece na literatura, mas também na música, no teatro, nos programas de televisão. Alguém precisa dizer que é bom e assinar em baixo”, afirma Igor.

Isso acontece por muitos precisarem seguir modelos e regras prontas, não por algo ser propriamente bom ou ruim. No entanto, a maioria dos críticos se limita a uma área e muitos ignoram o progresso das artes, a um ponto de enquadrar tudo nos padrões de seu limitado conhecimento, ignorando diferenças de estilos e gêneros. O resultado são críticas pobres e duvidosas, algumas até agressivas, pois o que não agrada o crítico passa a ser atacado, estigmatizado de forma pejorativa.

O escritor e editor Edson Rossatto, um dos fundadores da editora Andross, que publica somente antologias literárias com o objetivo de apoiar e divulgar principalmente os novos autores, declara:“  se um autor acredita no próprio trabalho deve batalhar por ele, pois não há ninguém melhor para bancar a própria publicação e buscar assim a atenção de editoras”, comenta.

E a qualidade, como fica?

Em relação à qualidade das publicações, Edson Rossatto fala que não depende da editora ser tradicional ou sob demanda. “O que acontece é que o tipo de publicação varia de acordo com quem é o dono do dinheiro: o editor ou o autor. Um editor avalia mais o risco do investimento, logo apostará em temas que possuem maior possibilidade de retorno financeiro. Consequentemente, poderá publicar sempre temas recorrentes. Já o autor poderá publicar histórias com maior variação e cair nas graças do sucesso, por publicar uma história inovadora, ou poderá fracassar, exatamente pelo motivo de publicar uma história improvável para o momento”, ressalta Edson.

O autor Richard Diegues, também editor, começou a escrever ainda na adolescência e sentia falta de editoras mais especializadas, no caso, em literatura fantástica. Por isso fundou a Tarja Editorial, que publica exclusivamente literatura fantástica. A editora é reconhecida em países de língua portuguesa, como Portugal, onde possui uma parceria com o Fantasporto (Festival Internacional de Cinema do Porto, com foco no cinema fantástico), O que gerou uma antologia.

A Tarja é tradicional, mas o autor e editor não vê problema em relação às sob demanda, pois começou como autor independente e isso rendeu-lhe bons frutos. “Obviamente eu aprovo esse tipo de trabalho, mas o autor tem que ter em mente dois pontos quando parte para a publicação: fazer isso por amor ao seu trabalho e saber que o livro é a primeira ponta do iceberg”, afirma.

Richard Diegues fala da importância de um texto passar por um corpo editorial, com uma boa leitura crítica, antes de ser entregue para o público, pois difere enormemente de um livro que não passa por um trabalho editorial. Porém ressaltar que o fato de um livro passar por uma editora, não quer dizer que tenha qualidade, porque tudo depende da dedicação de cada uma.

Em sumo, a editora da Ornitorrinco conclui bem a questão ao dizer, não só em relação ao tipo de publicação, mas quanto a questão do direcionamento de público: “Livros são livros e literatura é literatura. Cada livro tem seu propósito e seu público, não vejo razão para uma discriminação existir”, afirma Alícia Azevedo.

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Fantasticon do Brasil

Simpósio sobre literatura fantástica de língua portuguesa toma proporção internacional


Foto: Divulgação

Um exemplo de incentivo à leitura que funcionou e que deveria ser copiado em outras cidades brasileiras, é o que a Secretaria de Cultura de São Paulo fez em várias de suas bibliotecas, com as Bibliotecas Temáticas. A ideia é obra do editor Silvio Alexandre, que pôde apresentar sua proposta de um simpósio literário, o Fantasticon, para uma das bibliotecas da rede.
A proposta do Simpósio de Literatura Fantástica, que já acontecia dentro do Encontro Internacional de RPG (Role Playing Game) do Brasil, foi levada à direção da Biblioteca Viriato Corrêa em 2009, quando o evento de RPG foi cancelado. A escolha do local foi em função do projeto paulista das Bibliotecas Temáticas, onde algumas unidades do Sistema Municipal de Bibliotecas, além do acervo comum, ganhariam um outro, de conteúdo especializado e ambientação ligada a um tema, junto de uma programação com foco na temática da biblioteca em questão.
Com a aprovação da proposta para a Biblioteca Viriato Corrêa, que é uma Biblioteca Temática de Literatura Fantástica, aconteceu em 2009 o III Simpósio de Literatura Fantástica que, "nos anos seguintes, passou a fazer parte da programação oficial da Secretaria de Cultura”, comenta o idealizador.
O simpósio, que esse ano acontece nos dias 15, 16, 22 e 23 de setembro, virou um evento nacional graças à sugestão do publicitário Tiago Castro, que conheceu Silvio Alexandre no Fantasticon BR 2009, para divulgar o evento na internet. A ideia deu origem a um site oficial, mas “as ações foram um pouco tímidas naquele ano, mas no ano seguinte conseguimos fazer um grande barulho na internet”, comenta Tiago Castro, que atualmente faz parte da organização.

Literatura Fantástica para todos os gostos
 

Quanto ao tipo de publicações e autores,no simpósio do Brasil-que diferente da versão dinamarquesa, que apenas por coincidência também se chama Fantasticon- não há foco só na ficção científica, também tem espaço para fantasia e terror. Tiago Castro fala que “o evento é voltado para a literatura fantástica em todas as suas manifestações, ou seja, a ficção científica, fantasia e também o terror, além de seus subgêneros”.
Sempre há presença de autores de literatura fantástica nas edições e uma grande variedade de conteúdo, que a cada ano, faz várias editoras, tanto paulistas como de outros estados, marcarem lançamentos durante o simpósio. É o caso da Editora Estronho, de Belo Horizonte, que lançará por seu Selo Fantas, o livro ‘A Maldição do Cavaleiro’ do autor paulista Adriano Siqueira, conhecido por seu trabalho de contista e apoio a literatura fantástica nacional, que sempre participa do simpósio.
A escolha das editoras por lançamentos justamente no Fantasticon visa divulgar melhor os trabalhos de literatura fantástica, junto aos leitores que atualmente são de vários estados, inclusive do Rio de Janeiro, graças a divulgação via internet.
A nacionalização do simpósio também inclui participações de autores de várias partes do país, como foi o caso da autora Nazarethe Fonseca, da série literária vampiresca ‘Alma e Sangue’, que mora em Natal, no Rio Grande do Norte. A autora informou sua participação em duas edições do Fantasticon como convidada e em ambas as ocasiões, estava lançado livros de sua série. Isso porque o simpósio já virou marca registrada no calendário anual de quem trabalha com literatura. “É uma ponte valiosa que liga o público ao escritor, revela talentos e incentiva a literatura e escritores”, comenta.
A proporção tomada só reafirma a proposta inicial de Silvio Alexandre de incentivar e enriquecer o estudo sobre a Literatura Fantástica no Brasil. No Fantasticon anualmente há palestras, mesas-redondas, oficinas, exposições e mostras de filmes. Junto há lançamentos e sessões de autógrafos. “Tudo isso com muita confraternização entre o público e os palestrantes” comenta Silvio Alexandre.

Onde independentes e editoras se encontram

Quanto ao tipo de publicação, o simpósio está aberto a todos, das editoras tradicionais aos autores independentes. "Não há discriminação, inclusive a cada edição há um ´Encontro com os Autores´, onde os escritores conversam com o público que está presente e fazem uma sessão de autógrafos”, afirma Silvio.
Tiago Castro comenta da diversificação das fontes dentro da Literatura Fantástica, com a participação do autor de quadrinhos Roctávio de Castro junto dos autores do game Taikodom, enquanto duas edições tiveram a participação de Tiago Santiago, autor da novela brasileira ‘Os Mutantes’.
Mesmo que grande parte do foco no Fantasticon seja nos autores nacionais, a organização afirma que autores tanto de língua portuguesa como de outras, são convidados a participar do simpósio. Silvio Alexandre comentou que o foco é a Literatura Fantástica de língua portuguesa, mas todas as manifestações do gênero são aceitas.
No ano anterior, em 2011, o escritor e historiador mexicano Miguel Ángel Fernádez participou como convidado internacional, para falar da Literatura Fantástica latino-americana e da ficção científica mexicana. “Este ano, teremos uma palestra com o professor Flávio Vassoler falando sobre o fantástico na obra do escritor tcheco Franz Kafka”, comenta. Na programação também há interessantes oficinas, como a de Construção de Universos Fantásticos, com os autores F. Medina, Leandro Reis e Douglas MCT.
Tiago Castro lembra que na edição 2011, também ocorreu uma palestra virtual, ao vivo da Inglaterra, com James Mcsill, consultor literário internacional e representante de autores. Além da presença do autor norte americano Christopher Kastensmidt. "Ele foi finalista do prêmio Nebula, um dos maiores prêmios da literatura fantástica mundial. Hoje ele mora no Brasil e participa desde 2010 do evento.”
Silvio Alexander definiu a diversidade, ao falar sobre ter adotado o termo simpósio ao evento>“está relacionada ao livro ‘Symposion’ (O Banquete), de Platão, que apresenta diversos oradores discursando sobre Eros, divindade da mitologia grega que representa o Amor”. Isso porque Platão via o Amor como um intermediário entre os deuses e os homens, “cuja principal função é criar a virtude, sendo que a mais alta das virtudes é o saber”,finaliza.

Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:


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http://oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=10623&editoria=Cultura&tipoEditoria

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O fenômeno dos autores independentes

A nova tendência da literatura nacional
Foto: Anny Lucard
 Faz algumas décadas, com o aumento nas publicações de vários gêneros, especialmente com a entrada cada vez maior de mulheres no mercado editorial(antes lugar praticamente exclusivo de homens) que alguns conceitos começam a ser revistos e uma tendência surgiu, os autores independentes. Esse nicho de mercado, nos últimos anos, começou a despertar o interesse de leitores e a chamar a atenção de editoras tradicionais.Nas edições anteriores da Bienal do Livro do Rio de Janeiro e também na de São Paulo, o aumento gradativo das publicações independentes mostram que não são uma moda temporária. Desde a década passada, aqui no Brasil, vários autores nacionais agora conhecidos pelos leitores, afirmam que começaram com publicações independentes. É o caso de Giulia Moon, autora da série de literatura fantástica, ´Kaori´, que iniciou a carreira de escritora como contista, ao publicar a coletânea ´Luar de Vampiros´ por conta própria. Hoje os exemplares do livro são procurados como artigo raro por fãs.Vivianne Fair, autora dos romances, contos e quadrinhos de ´A Caçadora´ e ´O Caçado´, explica que dificilmente editoras dão oportunidade para os novos escritores, principalmente quem não é famoso, pois não querem se arriscar. “Infelizmente os autores independentes tem que investir no livro e ele acaba saindo caro, coisa que não acontece com editoras que podem diminuir o preço”, explica. “É muito difícil competir com livros baratos e famosos.” A autora também lamenta que muitos ainda pensem que não conseguir uma editora tradicional significa que o livro é ruim. “É triste isso, porque já li livros independentes que são maravilhosos.”

            Tanto é verdade que os bons autores independentes começam a ser aceitos em editoras tradicionais, que investem nos novos talentos nacionais, como é o caso da Editora Draco, chefiada por Erick Santos Cardoso. O editor revela que uma das missões da Draco é a busca por autores com o talento de Vivianne Fair, a qual terá sua trilogia ´A Caçadora´ relançada pela editora. “São pessoas que têm histórias para contar, mas ou não tiveram oportunidade em um selo tradicional, ou preferiram bancar diretamente essa primeira publicação”, explica.

E como divulgar as publicações independentes?

A autora e também desenhista, Vivianne Fair, comenta sobre uma outra tendência que surgiu junto com os autores independentes e que atualmente ajuda não só na divulgação dos mesmos, mas no incentivo à leitura e apoio aos autores nacionais, os blogs literários. No entanto, além da ajuda de vários blogueiros e de seu próprio blog, que virou o site oficial de divulgação de suas histórias, a autora também produz vários produtos inspirados em suas criações. “Ajuda em minha divulgação ao mesmo tempo em que amo demais ilustrar e criar produtos diversos com as histórias”, comenta.O escritor e consultor em publicações, Marcelo Paschoalin, fala que ser um autor independente tem algumas vantagens, como o maior controle de sua produção literária. Porém, isso resulta num desgaste maior, pois o controle significa também que não ficará só com a parte de escrever e autografar. Tem que saber o que quer e encarar a jornada, porque o trabalho solitário não é para qualquer um. “Tenho os contatos necessários para produzir um livro de qualidade.A decisão de seguir sozinho, depois de colocados os custos no papel, tornou-se a mais adequada”, revela. 


Quanto à questão de não ter a aprovação de uma editora tradicional, em relação a qualidade editorial do trabalho, Marcelo Paschoalin destaca o fato de diariamente chegarem originais em diversas editoras. “Cada editora possui um limite de publicações que pode fazer no ano, muitas vezes por razões puramente financeiras,” explica. “Muitos originais são descartados sem serem sequer lidos, não há um julgamento da ´qualidade literária´, mas da possibilidade de investimento editorial.”  Na opinião de Marcelo Paschoalin, além do bom texto, o sucesso dos autores independentes, depende de conhecimento do mercado e de contatos. “Não é à toa que vemos histórias de grandes best-sellers que foram rejeitados dúzias de vezes antes de serem publicados e se tornarem sucessos de público.” O autor também destaca que ainda acredita que o leitor compre um livro pelo marketing investido na publicação. E só então o conteúdo é avaliado. “É uma questão simples: se o leitor não sabe que o livro existe, não comprará.” 

Feiras literárias ainda são um bom investimento


No Brasil, feiras literárias e bienais do livro passaram a ser vistas como uma das formas mais eficazes dos leitores conhecerem as publicações de autores independentes, os quais conseguem uma divulgação um pouco mais equilibrada de suas obras, em relação aos títulos de editoras tradicionais. “Uma vez que o leitor pode ter contato com todas as obras, independentes ou não, o selo editorial deixa de ter o peso que tinha: o conteúdo se torna o principal fator”, comenta Marcelo Paschoalin.

O investimento de participar de um evento literário é grande, mas atualmente tanto autores como as editoras, que antes se limitavam a ter os livros divulgados em uma ou outra feira/bienal, buscam participar de vários, como é o caso do livro das autoras Roberta Spindler e Oriana Comesanha, ´Contos de Meigan´ que, após divulgação na 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu em agosto, estará na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro de Belém no Pará, que acontece em setembro. O editor Erick Santos Cardoso também confirma a tendência ao expor as publicações impressas da Draco, que também publica eBooks, junto aos parceiros na bienal paulista. “As feiras são exposições, locais para mostrarmos o nosso trabalho a quem não nos conhece ou receber quem nos procura”, comenta.

A ideia que não há uma ditadura em relação ao livro bom, precisar de um selo de editora tradicional, é só um dos novos conceitos que surgiram “leitor que queira narrativas mais envolventes e livros de melhor qualidade permite que nós, autores, cresçamos e tenhamos de nos adaptar a isso. O ofício de um escritor é também um aprendizado constante”, conclui Marcelo Paschoalin.

Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:




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