terça-feira, 27 de novembro de 2012

Literatura para jovens leitores

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Literatura para jovens leitores

A literatura que forma os amantes da leitura do futuro



Um fenômeno atual no país são os projetos de incentivo à leitura, os quais abrem uma questão quanto a obrigação acadêmica não ser a mesma coisa que incentivar à leitura. Educadores sempre indicam livros acadêmicos aos jovens leitores e não entende o motivo de não gostarem de ler os indicados.

Ler um texto para prestar um concurso, é uma coisa, mas obrigar o jovem a ler livros que em geral não é maduro para ler, ou repletos de parábolas moralistas, pode causar problemas futuros, como total desprezo pela leitura.

A questão foi o foco do debate, mediado pela autora Ana Cristiana Rodrigues, sobre formação de jovens leitores, na Casa de Leitura no Rio de Janeiro, durante o lançamento do livro ‘O Estigma do Feiticeiro Negro’ (Editora Ornitorrinco), de literatura fantástica brasileira com foco no público jovem, escrito por Melanie Evarino e Miguel Carqueija.

Durante o debate, muito foi falado e tanto os autores que lançavam o livro, como os convidados Ana Lúcia Merege, autora de ‘O Castelo das Águias’, e Estevão Ribeiro escritor e desenhista destacaram alguns livros que a crítica costuma atacar. Livros com foco no público juvenil, de novos autores, que mesmo com os ataques são responsáveis por despertar o gosto pela leitura em muitos jovens, inclusive pelos clássicos.

Incentivar a nova literatura juvenil ou não incentivar, eis a questão?

No Rio de Janeiro há muitos projetos de incentivos à leitura acontecendo e vários deles envolvem autores brasileiros, que buscam escrever algo prazeroso de ser lido. Textos para os jovens leitores e também aos que não possuem o hábito de ler e querem algo diferente como forma de lazer.

Livros muitas vezes discriminados, que por ironia são os que aumentam o número de leitores a cada ano, graças ao prazer de ler que despertam. Textos odiados pela crítica e que na maioria são de literatura fantástica juvenil, como os livros da série ‘Crepúsculo’.

Também na lista de odiados pela crítica, os quadrinhos são mencionados por Estevão Ribeiro, que destaca a importância do primeiro estímulo. Criador das tiras ‘Os Passarinhos’, fala da importância também dos quadrinhos como forma de estimular o interesse pela leitura.

Sobre o ódio da crítica por livro que seguem o estilo de ‘Crepúsculo’, Ana Lúcia Merege comenta que é importante para o jovem leitor ter livros que falem a mesma língua, afirmação que os outros autores presentes concordaram:“dizer que o jovem brasileiro não lê, é absurdo. Jovens estão lendo e cada vez mais, mas não o que querem obrigá-los”, afirma.

Antes de obrigar os jovens a ler os clássicos brasileiros, é interessante uma busca entre os novos autores nacionais. Miguel Carqueija falou de algumas raridades publicadas e que hoje não estão disponíveis, como da lista de livros que ele deseja ler, pois há muita coisa nova interessante nas livrarias, tanto de autores brasileiros como de estrangeiros.

No entanto, falta divulgação adequada, enquanto os nacionais na maioria das vezes são ignorados pela crítica, os estrangeiros são atacados. Porque boa parte dos críticos parecem mais interessados em apontar defeitos na literatura estrangeira, muitos obviamente de caráter pessoal, que incentivar à leitura no país.

Novidades literárias para o público feminino geram críticas

Além dos títulos estrangeiros publicados a cada ano, novos livros nacionais são lançados também, mas só encontramos críticas que atacam livros estrangeiros, como a nova sensação literária, que apesar de ser um livro para o público feminino adulto, acabou por abrir um parêntese durante o debate.

Foi impossível o assunto não ser abordado, quando os livros de Stephenie Meyer foram mencionados, já que a autora E.L. James de ‘50 Tons de Cinza’ é fã declarada da criadora de ‘Crepúsculo’.

Não foi difícil perceber um “efeito Crepúsculo parte 2”, no caso E.L. James, pois assim como aconteceu com Meyer, os livros de James são atacados com fúria e o que seria apenas mais uma história, entre as escritas para o público feminino, é lido também por pura curiosidade por causa das agressivas críticas.

A autora Ana Cristiana Rodrigues que é mediadora de leitura, falo que leu os polêmicos livros de Meyer e James, e se gostou ou não, é uma questão pessoal, mas falou que quem tiver interesse nos livros,  deve ler.

A mais jovem do grupo presente, Melanie Evarino, de 20 anos, foi questionada sobre o que a motivou a ler e principalmente a escrever. A jovem autora não hesitou ao afirmar que foram os RPGs, uma tipo de livro/jogo que nem é visto como literatura aqui.

Pouco conhecido, o livro de RPG é discriminado por pura ignorância, já que a maioria nem se dá ao trabalho de saber do que se trata, associando os jogadores a cultos malignos e bobagens semelhantes.

No entanto, o livro de RPG são uma ótima forma de desenvolver a criatividade, incentivar à leitura e pode até despertar o talento para as artes cênicas.

Uma coisa ficou clara com o debate, é que está na hora de rever conceitos em relação a forma de incentivar à leitura no Brasil.

A época que os livros infanto-juvenis eram apenas didáticos já passou. Assim como o tempo em que as mulheres precisavam se esconder atrás de pseudônimos masculinos, reproduzindo o estilo dos mesmos de escrever, para terem seus textos respeitados.

Os livros juvenis não devem ser usados para doutrinar, como se fazia no passado. No entanto, é válido a ideia de passar conceitos que sejam inspiradores.

Estevão Ribeiro lembrou do lado extremista, que não aceita inclusão de valores nos textos para os jovens. Porém os presentes concordaram, que valores universais são válidos, mas os “livros infanto-juvenis como forma de doutrinação são perigosos, pois os escritores seguem filosofia de vida diferente.”

O respeito pela literatura e pelo leitor deve existir como um todo, não por um determinado tipo de texto e leitor. Autoras criaram o estilo chick, onde muitos dos textos são escritos para o público feminino adolescente e não faz sentido críticos atacarem livros do tipo com piadas e comentários machistas.

A literatura já foi um terreno só de homens, onde apenas o universo masculino era retratado. Hoje, com a inclusão das autoras não deve existir discriminação aos textos que descrevem o universo feminino.

É hora de começar a respeitar o novo, para o antigo ser preservado. Ninguém ganha com o incentivo ao ódio pela nova literatura ou desprezo pela antiga.

Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
www.oestadorj.com.br


Texto original:
http://www.oestadorj.com.br/cultura/literatura-para-jovens-leitores/

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações


Anny Lucard

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações

Autora mistura a cultura brasileira e japonesa, criando novo tipo de história vampiresca

Quem gosta de histórias vampirescas atualmente se divide entre as novas histórias e as clássicas, que seguem a linha do autor Bram Stoker, o criador de Drácula, o qual tem em 2012 seu centenário de morte, comemorado pelos fãs com alegria e a certeza da imortalidade de sua obra e talento, não com tristeza.

A ideia de divisão de tipos de vampiros, assim como o termo vampiro clássico, surgiu recentemente por conta dos fãs da criatura mais demoníaca, que renegam a humanização de tais seres, como acontece nas histórias escritas por autora como Anne Rice, das Crônicas Vampirescas, e Stephenie Meyer, da Saga Crepúsculo.

Assim como Stephenie Meyer, a autora Anne Rice causou muito “ti-ti-ti” quando lançou seu primeiro livro. Na época, década de 1970, contar uma história de vampiros lindos e humanizados como ‘Lestat’ e ‘Louis’, os quais tinham a pequena vampira ‘Cláudia’ como uma espécie de filha, causou muitas críticas e também garantiu a autora fãs apaixonados, que a defenderam com unhas e dentes, como assim fazem, hoje, os da autora da Saga Crepúsculo. Rice não teve menos críticas do que Meyer, pois até  chamada de “louca” quando buscava por uma editora para publicar o primeiro livro, ‘Entrevista com o Vampiro’, ela foi. Essa revelação partiu  da própria Anne Rice durante o bate-papo com os  fãs brasileiros na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro de 2011.

Unindo culturas em histórias sobrenaturais

No entanto, parece que não são só as autoras vampirescas americanas que buscam inovar ao falar de vampiros. Fã declarada de Anne Rice, inclusive presente durante o bate-papo no Rio com a autora americana, a ilustradora e escritora Giulia Moon de São Paulo, resolveu contar uma história de vampiros diferente, misturando lendas ocidentais e orientais.Com descendência japonesa, Giulia Moon mostra em suas histórias sobrenaturais um pouco da ainda desconhecida cultura oriental, onde muita coisa difere do ocidente, inclusive as lendas, pois os orientais geralmente humanizam as ditas criaturas demoníacas.

Foi o toque de humanização abordado amplamente por Giulia Moon em sua série de livros Kaori, publicação da Giz Editorial, que tornou uma vampira japonesa, que morar nos tempos atuais entre as cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro, tão interessante.A sempre sorridente Giulia Moon, falou um pouco sobre sua vampira Kaori, durante uma entrevista, após o lançamento carioca do primeiro livro solo da série, ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, que foi lançado durante a Bienal do Livro paulista 2012.

O livro solo, além de ter ilustrações da autora, conta uma história do passado da protagonista, quando ainda estava no Japão, durante um dos grandes terremotos ocorridos no país. A história não é continuação dos livros ‘Kaori – Perfume de Vampira’ e ‘Kaori 2 – Coração de Vampira’, mas a autora revelou que ocorre entre os acontecimentos presentes do livro um e dois.

Revelações de um universo infinito

Quanto ao termo kyuketsuki, muito usado ao se referir a Kaori, a autora explica que os japoneses geralmente usam o termo vampaia, uma espécie de adaptação do termo inglês vampire: “nos meus livros, os kyuketsukis são vampiros japoneses, que embora tenham características dos vampiros ocidentais, são tão estranhos quanto um japonês pode ser aos olhos ocidentais.”Giulia Moon comenta que “muitos deles são antigos, são japoneses da Era Tokugawa, pessoas que foram criadas e viveram num mundo muito diferente, de hábitos e moral completamente estranhos para os ocidentais.

“Quanto ao novo livro seguir o estilo das famosas light novel, estilo de publicação popular no Japão tanto quanto os mangás (quadrinhos japoneses), Giulia Moon revela que buscou algo diferente para ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, por ser uma história solo e não o Kaori 3.Sobre a protagonista, ela revela que trata-se de “uma menina japonesa de catorze anos bela e frágil, que cresceu na Era Tokugawa, no Japão do século XVII. Tem um delicioso perfume natural desde bebê, que atrai e fascina as pessoas ao seu redor, daí o seu nome, Kaori, que em japonês significa perfume ou fragrância“.

Diferente de muitas das protagonistas de histórias de vampiro, a Kaori de Giulia Moon revela que nada é preto e branco, tudo possui tons de cinza. “Por trás da beleza e suavidade de Kaori, existe uma mulher forte e inteligente, que vai enfrentar os seus inimigos com a coragem de um samurai e a paciência de um monge”, conclui.Uma das peculiaridades dos livros da autora é a mistura de criaturas de lendas das duas culturas. Começa com vampiros, mas logo revela seres dos mais variados, que vão desde a lenda do boto brasileiro da região amazônica; até a curiosa lenda japonesa de um bebedor de sangue, o kappa, que em alguns relatos também adora comer pepinos.

“Portanto, são parentes muito distantes do vampiro” comenta a autora divertida.Com um fandom cada vez maior, os eventos de lançamento, tanto em São Paulo como no Rio contaram com a presença de fãs caracterizados. Feliz com tanto carinho, Giulia Moon aproveitou para falar do convite para a Feira do Livro de Porto Alegre, que terminou no fim de semana passado.Ela participou do dia dedicado à literatura fantástica, com presença de vários autoras nacionais, elogiando o trabalho de apoio feito por Duda Falcão, Christopher Kastensmidt e Cesar Alcázar no Rio Grande do Sul.

De acordo com Giulia Moon, eles fazem um ótimo trabalho para unir autores de vários estados, o qual iniciou na 1ª Odisseia de Literatura Fantástica, que teve a presença de autores fantásticos de várias partes do Brasil, inclusive cariocas, em abril passado na capital gaúcha.


Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
www.oestadorj.com.br


Texto original:
http://www.oestadorj.com.br/cultura/giulia-moon-e-o-perfume-de-vampira-que-conquista-coracoes/

Jedicon Rio de Janeiro 2012


Anny Lucard

Jedicon Rio de Janeiro 2012

A força dos fãs continua forte

Anny LuccardNo fim do mês de outubro, dia 27 para ser mais específico, aconteceu no Rio de Janeiro a Jedicon 2012. Um evento anual feito por fãs e para fãs de uma das mais antigas e bem sucedidas histórias contadas em multiplataforma de mídia, a saga ‘Star Wars’. As histórias dos Jedis do cineasta George Lucas, não só possuem filmes, mas seu universo estendido conta com diversos livros, quadrinhos, animações e muitos produtos que levam a marca da franquia.Famosa até para quem não é fã, ‘Star Wars’ já fez parte até do enredo de uma das escolas de samba cariocas, onde os Troopers, soldados do Império, compunham uma ala inteira, com o vilão mais amado e temido da história, Darth Vader, em destaque.

Completando 35 anos desde a estreia nos cinemas do primeiro filme, que na época era apenas ‘Guerra nas Estrelas’, o qual posteriormente passou a ser chamado de ‘Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança’; a franquia continua despertando interesse de antigos e novos fãs, como é o caso de Francisco Figueiredo Jr, Projetista Mecânico, que ao se casar, entrou na igreja ao som da ‘Imperial March’, um dos temas da saga, e que além do apoio da esposa, não deixará de ensinar a filha “o lado Jedi da força”. Com um dos fandoms(conjunto de fãs) mais apaixonados e de gerações variadas, composto de pais, filhos e provavelmente até netos, não é difícil acontecer reuniões anuais pelo mundo. Eventos organizados pelo “Conselho Jedi”, como é conhecido mundialmente o fã-clube de ‘Star Wars’, acontecem anualmente pelo mundo, inclusive em cidades brasileiras como o Rio de Janeiro e São Paulo.

Conselho Jedi RJ

No Rio de Janeiro temos um evento anual organizado pelo Conselho Jedi local, que esse ano aconteceu no Planetário, com o apoio da prefeitura. A professora de inglês Luciana Mattos, que já esteve em várias Jedicons cariocas, comentou que atualmente são tantos fãs, que o planetário parecia uma verdadeira micareta de tão cheio. Já Francisco Paulo do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, presente na Jedicon  RJ 2012, ressalta que “é curioso ver os fãs reunidos, pois os mais antigos geralmente são contra e até se mostram amargurados quanto ao universo estendido”, declarando só gostarem da primeira trilogia produzida, renegando a nova trilogia e tudo mais.

Enquanto a nova geração de fãs, mais familiarizada com a multiplataforma, consome tudo que tenha a marca ‘Star Wars’. Inclusive buscando material do outro lado do mundo, como é o caso dos mangás produzidos no Japão.O evento desse ano contou com a presença de Fernando Caruso, humorista do grupo “Comédia em Pé”, que comandou uma mesa de humoristas sobre a saga. Algumas palestrar reuniram os críticos de cinema Eduardo Miranda e André Gordirro, além da exposição de imagens e cards originais de 1977, época da estreia do ‘Guerra na Estrela’ original, junto de uma réplica oficial e motorizada do R2-D2, um dos dróides principais da história.Dias após a Jedicon carioca, uma notícia bomba causou um distúrbio na força, quando o Twitter oficial de ‘Star Wars’ anunciou que a Lucasfilm foi vendida, por cerca de US$ 4 bilhões, para a Disney.

Qual o futuro da Saga, no pós-compra pela Disney?

Fãs do Conselho Jedi pelo mundo se dividiam, uns preocupados, como foi o caso de  Francisco Figueiredo Jr que comentou que o problema da compra é sempre o fato de “quem compra dita as regras”. Se isso afastar as produções futuras, como das animações, da linha natural da Lucasfilm, o desgosto surgirá entre os fãs.Tal medo foi expressado por outros fãs pelo mundo, tanto no Twitter como em outras redes sociais. Porém, além da incerteza quanto ao futuro da saga, também surgiu uma nova esperança, com a expectativa de um novo filme para o cinema. Porque junto com o anúncio da compra da Lucasfilm, a Disney informou que também seria produzido o filme 7 de ‘Star Wars’, com previsão de estreia para 2015.

Filme que há muito tempo é prometido, que até o ator Mark Hamill que interpretou Luke Skywalker na primeira trilogia produzida, chegou a fazer especulações a respeito, na época da estreia de ‘O Retorno de Jedi’.Enquanto fãs pelo mundo trocam ideias pela internet sobre o novo filme, envolvendo também  comentários de Mark Hamill, o qual falou que o foco da história seria em Luke e sua luta para não seguir o mesmo caminho do pai, se deixando levar para o lado negro da força. Outros não resistem em fazer piadinhas nas redes sociais, usando inclusive montagens para reunir personagens de ambos os estúdios, como foi o caso da princesa Leia de ‘Star Wars’ junto das princesas da Disney.

Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
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Texto original:
http://www.oestadorj.com.br/cultura/jedicon-rio-de-janeiro-2012/