terça-feira, 11 de setembro de 2012

Fantasticon do Brasil

Simpósio sobre literatura fantástica de língua portuguesa toma proporção internacional


Foto: Divulgação

Um exemplo de incentivo à leitura que funcionou e que deveria ser copiado em outras cidades brasileiras, é o que a Secretaria de Cultura de São Paulo fez em várias de suas bibliotecas, com as Bibliotecas Temáticas. A ideia é obra do editor Silvio Alexandre, que pôde apresentar sua proposta de um simpósio literário, o Fantasticon, para uma das bibliotecas da rede.
A proposta do Simpósio de Literatura Fantástica, que já acontecia dentro do Encontro Internacional de RPG (Role Playing Game) do Brasil, foi levada à direção da Biblioteca Viriato Corrêa em 2009, quando o evento de RPG foi cancelado. A escolha do local foi em função do projeto paulista das Bibliotecas Temáticas, onde algumas unidades do Sistema Municipal de Bibliotecas, além do acervo comum, ganhariam um outro, de conteúdo especializado e ambientação ligada a um tema, junto de uma programação com foco na temática da biblioteca em questão.
Com a aprovação da proposta para a Biblioteca Viriato Corrêa, que é uma Biblioteca Temática de Literatura Fantástica, aconteceu em 2009 o III Simpósio de Literatura Fantástica que, "nos anos seguintes, passou a fazer parte da programação oficial da Secretaria de Cultura”, comenta o idealizador.
O simpósio, que esse ano acontece nos dias 15, 16, 22 e 23 de setembro, virou um evento nacional graças à sugestão do publicitário Tiago Castro, que conheceu Silvio Alexandre no Fantasticon BR 2009, para divulgar o evento na internet. A ideia deu origem a um site oficial, mas “as ações foram um pouco tímidas naquele ano, mas no ano seguinte conseguimos fazer um grande barulho na internet”, comenta Tiago Castro, que atualmente faz parte da organização.

Literatura Fantástica para todos os gostos
 

Quanto ao tipo de publicações e autores,no simpósio do Brasil-que diferente da versão dinamarquesa, que apenas por coincidência também se chama Fantasticon- não há foco só na ficção científica, também tem espaço para fantasia e terror. Tiago Castro fala que “o evento é voltado para a literatura fantástica em todas as suas manifestações, ou seja, a ficção científica, fantasia e também o terror, além de seus subgêneros”.
Sempre há presença de autores de literatura fantástica nas edições e uma grande variedade de conteúdo, que a cada ano, faz várias editoras, tanto paulistas como de outros estados, marcarem lançamentos durante o simpósio. É o caso da Editora Estronho, de Belo Horizonte, que lançará por seu Selo Fantas, o livro ‘A Maldição do Cavaleiro’ do autor paulista Adriano Siqueira, conhecido por seu trabalho de contista e apoio a literatura fantástica nacional, que sempre participa do simpósio.
A escolha das editoras por lançamentos justamente no Fantasticon visa divulgar melhor os trabalhos de literatura fantástica, junto aos leitores que atualmente são de vários estados, inclusive do Rio de Janeiro, graças a divulgação via internet.
A nacionalização do simpósio também inclui participações de autores de várias partes do país, como foi o caso da autora Nazarethe Fonseca, da série literária vampiresca ‘Alma e Sangue’, que mora em Natal, no Rio Grande do Norte. A autora informou sua participação em duas edições do Fantasticon como convidada e em ambas as ocasiões, estava lançado livros de sua série. Isso porque o simpósio já virou marca registrada no calendário anual de quem trabalha com literatura. “É uma ponte valiosa que liga o público ao escritor, revela talentos e incentiva a literatura e escritores”, comenta.
A proporção tomada só reafirma a proposta inicial de Silvio Alexandre de incentivar e enriquecer o estudo sobre a Literatura Fantástica no Brasil. No Fantasticon anualmente há palestras, mesas-redondas, oficinas, exposições e mostras de filmes. Junto há lançamentos e sessões de autógrafos. “Tudo isso com muita confraternização entre o público e os palestrantes” comenta Silvio Alexandre.

Onde independentes e editoras se encontram

Quanto ao tipo de publicação, o simpósio está aberto a todos, das editoras tradicionais aos autores independentes. "Não há discriminação, inclusive a cada edição há um ´Encontro com os Autores´, onde os escritores conversam com o público que está presente e fazem uma sessão de autógrafos”, afirma Silvio.
Tiago Castro comenta da diversificação das fontes dentro da Literatura Fantástica, com a participação do autor de quadrinhos Roctávio de Castro junto dos autores do game Taikodom, enquanto duas edições tiveram a participação de Tiago Santiago, autor da novela brasileira ‘Os Mutantes’.
Mesmo que grande parte do foco no Fantasticon seja nos autores nacionais, a organização afirma que autores tanto de língua portuguesa como de outras, são convidados a participar do simpósio. Silvio Alexandre comentou que o foco é a Literatura Fantástica de língua portuguesa, mas todas as manifestações do gênero são aceitas.
No ano anterior, em 2011, o escritor e historiador mexicano Miguel Ángel Fernádez participou como convidado internacional, para falar da Literatura Fantástica latino-americana e da ficção científica mexicana. “Este ano, teremos uma palestra com o professor Flávio Vassoler falando sobre o fantástico na obra do escritor tcheco Franz Kafka”, comenta. Na programação também há interessantes oficinas, como a de Construção de Universos Fantásticos, com os autores F. Medina, Leandro Reis e Douglas MCT.
Tiago Castro lembra que na edição 2011, também ocorreu uma palestra virtual, ao vivo da Inglaterra, com James Mcsill, consultor literário internacional e representante de autores. Além da presença do autor norte americano Christopher Kastensmidt. "Ele foi finalista do prêmio Nebula, um dos maiores prêmios da literatura fantástica mundial. Hoje ele mora no Brasil e participa desde 2010 do evento.”
Silvio Alexander definiu a diversidade, ao falar sobre ter adotado o termo simpósio ao evento>“está relacionada ao livro ‘Symposion’ (O Banquete), de Platão, que apresenta diversos oradores discursando sobre Eros, divindade da mitologia grega que representa o Amor”. Isso porque Platão via o Amor como um intermediário entre os deuses e os homens, “cuja principal função é criar a virtude, sendo que a mais alta das virtudes é o saber”,finaliza.

Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:


Texto original:
http://oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=10623&editoria=Cultura&tipoEditoria

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