quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A polêmica literatura erótica


sexo

A polêmica literatura erótica

Saiba mais sobre os motivos que levam escritores a publicarem um estilo sempre tão atacado

O natal de 2012 foi um dos mais “hot” em anos, sem se referir ao clima quente do verão brasileiro, e sim pelos vários livros eróticos publicados no ano, dos quais muitos foram parar em árvores natalinas. Esse fenômento ocorreu pela última vez em 1992, quando o erótico estava em foco por causa do lançamento do álbum com livro ‘Erotica’ da Madonna, assim como a adaptação mais sensual para o cinema do livro ‘Drácula’ de Bram Stoker.

Para ser considerado desse gênero não importa o tipo de texto, podendo incluir histórias apenas eróticas, como é o caso do bestseller ’50 Tons de Cinza’ de E.L. James ou textos de gêneros variados, mas que possuem erotismo, como várias publicações nacionais de literatura fantástica lançadas durante o ano que passou.

Um dos livros lançados entre os novos autores nacionais que inclui erotismo a seu texto é ‘Immortales’ da Roxane Norris, onde há a construção de uma sociedade sobrenatural que segue regras de condutas de antigas sociedades humanas, misturadas a natureza sobrenatural dos personagens e a assuntos complexo para os humanos, como sexo e relações sociais/familiares.

Outra autora que também enriquece seu texto sobrenatural ao incluir erotismo junto aos fatos históricos e da atualidade é Giulia Moon, que em sua série de livro Kaori, se inspira na cultura japonesa. Mesclando os seus lascivos vampiros e seres sobrenaturais a realidade humana, do presente e passado,a autora foge dos padrões vistos em lendas europeias.

Falar ou não de sexo sempre é uma questão polêmica

Sobre o assunto a autora Gisele D´Angelo comenta que “ainda existe a desinformação e falta de incentivo a leitura”. A falta de  hábito de ler torna as pessoas limitadas a um tipo de texto e muitas vezes, é a pouca informação que causa a estranheza a certos livros e não se são bons ou ruins.

Além disso, a autora, que também é naturopata(terapeuta que usa essencialmente métodos naturais), revela que usa as metáforas nas quais construiu a trama de seu livro, para ajudar em seu trabalho junto aos pacientes. Ao falar sobre assuntos abordados na história, como a sexualidade, ela percebeu que todos ficavam mais relaxados e até empolgados para continuar o “papo”.

O livro foi a maneira que encontrou de manter uma conexão com os pacientes e inspirar as pessoas a se olharem mais, “percebendo que há outras maneiras de se abordar os mais diversos temas e situações”,comenta Gisele.

Segundo os autores, não é porque o texto tem sexo que seja ruim, ou que seja bom por estar a frente do seu tempo ao introduzir um assunto polêmico. Ao escrever algo, o autor tem que entender que será visualizado na mente de quem lê e cada um verá a situação de uma forma. O mesmo assunto será diferenciando em relação ao gosto do leitor, conhecimento geral e até se for um homem ou uma mulher.

Críticas virão, até porque há os que gostam de textos mais explícitos, geralmente território masculino, e outros dos que buscam nas metáforas dar beleza ao ato sexual, território mais feminino. No entanto, o autor Nelson Magrini destaca que “há de se tomar cuidado para não se justificar qualquer crítica (negativa) sob tal aspecto, afinal, tem hora que a obra é criticada por não ser boa mesmo”.

A questão do que é uma obra boa ou ruim nos dias atuais está cada vez mais complexa, pois boa parte das pessoas com maior conhecimento literário, se limitam a repetir o que foi ensinado. Não levam  em conta as mudanças ocorridas nas últimas décadas, em especial no Brasil, e a falta de atualização da grade curricular de muitos cursos.

Novas obras, mesmos críticos 

Profissionais que estudam a fundo textos clássicos, mas não se especializam na nova literatura, não terão condições de analisar devidamente uma obra atual que não está nos padrões da literatura tradicional.
O autor teatral William Shakespeare nunca seria parte da literatura clássica, se não tivesse a aceitação quanto as mudanças que os textos de suas peças causariam. Por isso não faz sentindo manter os padrões de décadas atrás, especialmente quanto às últimas ocorreu a inclusão da mulher de forma mais concreta e numerosa na literatura mundial.

A autora Nazarethe Fonseca, criadora da sensual série sobre vampiros ‘Alma e Sangue’, condena a visão crítica que buscar nivelar textos, pois “a formação de cada indivíduo, de um escritor, de um artista é singular.” Outra coisa evidente é a questão dos autores terem liberdade de expressão de acordo com o sexo. Dividindo a literatura em “o que homem pode e mulher não”, imediatamente julgando e condenando autoras que não sigam o padrão.

“É justamente isso que a critica faz, tentar nivela à escrita. Temos dois mil anos de evolução, e com eles castigos e criticas cruéis para proibir e reduzir a criação e comportamento feminino a status de bruxaria, imoralidade, ofensa aos costumes e qualquer outra coisa que contribua para que a mulher continuasse ocupando um papel menor na história,” lamenta Nazarethe Fonseca.

Roxane Norris fala que as autoras não tem que reproduzir pensamentos masculinos e acredita que é justamente por ter uma visão diferente, e feminina, as autoras estão ganhando espaço.

O problema é que muitos críticos relutam a mudança e continuam mantendo os padrões estabelecidos em tempos onde a mulher era proibidas de escrever, o que dirá criar estilo dentro de um terreno até então só masculino, como o erótico. Giulia Moon comenta um fato curioso sobre a literatura no Japão, mencionando a série de romances ‘Genji Monogatari’, escrito por uma aristocrata da corte do Imperador, Murasaki Shikibu.

“Foi escrito no início do século XI, e seus personagens, à maneira da época, eram extremamente sensuais. É considerado um clássico de importância comparável à obra de Shakespeare para os japoneses”, revela.
“Talvez por ter nascido da mente feminina, mais observadora e detalhista, seus personagens têm muita consistência, as personalidades são descritas de forma precisa e as suas atitudes são coerentes e tão reais que os seus problemas e dilemas ainda hoje atraem o público”, completa Giulia.

Vampiros também amam

No Brasil, uma das editoras visionárias ao pensar em contos eróticos foi a Giz
Editorial, que ainda em 2008, lançou a antologia ‘Amor Vampiro’ com 7 autores, grupo composto de homens e mulheres. “A ideia surgiu num bate papo informal com três autores durante um evento”, informa a editora da Giz, Simone Mateus.

No início seria apenas uma publicação de contos eróticos de vampiros, mas no decorrer dos trabalhos foi decidido que outros autores seriam convidados e foi ampliada a liberdade para escrever sobre como o vampiro ama, se é que ama, o que a tornou o livro bem equilibrada e interessante. Onde há uma abordagem de facetas variadas do amor dos vampiros, assim como a inclusão de dose de sensualidade e erotismo diferenciada.

A ideia gerou uma das antologias mais vendidas e conhecidas entre os fãs de literatura fantástica e vampiresca nacional, graças a qual a série Kaori surgiu, pois a Giz apostou na vampira do conto de Giulia Moon, uma das autoras participantes, que hoje já conta com 3 livros publicados.

Também participa da antologia o autor Nelson Magrini, contando a história de sua sensual vampira Isabella. Quando questionado sobre seus textos, se todos possuem carga erótica o autor revela que “em termos de erotismo, foi uma experiência única, junto ou não à Literatura Fantástica”
“Contudo, nada me impede de voltar ao erotismo algum dia,” confidenciando que possui um projeto em andamento que poderá ser classificado como erótico. A autora Simone O. Marques também usa de sensualidade para apimentar sua trama ao tornar, em seu vampiresco livro ‘Agridoce’, cada mordida é uma analogia perfeita ao ato sexual. Já que escreve sobre bruxas e vampiros, afirma que o erotismo é parte intrínseca das narrativas.

“Tanto vampiros quanto bruxas trazem o erotismo para junto da pele dos seres comuns. Eles trazem em sua construção a superação de tabus, medos e limitações que a sociedades, ao longo da História, impõem às pessoas, para controlá-las,” comenta. “O erotismo está presente em meus livros e o trato como um movimento natural”, finaliza Simone.


Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
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Texto original:
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domingo, 6 de janeiro de 2013

Histórias de fim do mundo


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Histórias de fim do mundo

Conheça o fascinante mundo da literatura apocalíptica

Histórias sobre o fim do mundo sempre fizeram parte do imaginário humano, seja em lendas antigas e mitologias, até a criação da pura ficção apocalíptica, onde autores viajam na ideia do mundo um dia deixar de existir. A maioria nesse meio é de autores de literatura fantástica, onde os apocalipses zumbis e vampirescos são os favoritos em suas histórias, mas o tema é farto e há para todos os gostos. Após a passagem do ano 2000, que muitos achavam que seria o fim de tudo, por conta de algumas crenças religiosas, uma nova data foi agendada para o apocalipse, 21 de dezembro de 2012, que é o dia que o ciclo do calendário Maia termina e outro começa.

Passado o apocalipse, enquanto os adeptos a ideia de fim do mundo pensam em nova data, o assunto para os autores de literatura fantástica continua rendendo ótimas histórias. Só esse ano vários livros com o tema foram publicados, entre eles está ’2012 – Uma Aventura No Fim Do Mundo’ da autora Vanessa Bosso e ‘ As Crônicas do Fim do Mundo – A Noite Maldita’ do autor André Vianco.

Também foram publicadas várias coletâneas de contos apocalípticos, como a antologia ’2013 – Ano Um’. No entanto, muito antes de 2012 chegar a Editora Andross publicava sua antologia apocalíptica ‘Dias Contados’, que atualmente tem 3 volumes.

Organizando o fim do mundo

Inspiração para destruir o mundo não parece faltar entre os autores, mas a motivação de editoras e organizadores em continuar a publicar histórias do gênero é diferente.   Do ponto de vista de editoras e organizadores de antologia, o fascínio pelo tema também implica em várias questões e o debate é necessário. Um dos organizadores do volume 1 de ‘Dias Contados’, escritor e professor Danny Marks, falou que no início questionou o parceiro na organização, Ricardo Delfin, sobre a possibilidade de ampliar a perspectiva para o fim do mundo.

“Chegamos a um consenso que o melhor seria dar a liberdade de um final subjetivo, além da possibilidade de um final objetivo. A ideia era brincar com o que seria um fim de mundo para uma mãe, um adolescente, para a humanidade, para um relacionamento,” revelou Danny Marks. “Muitas vezes o mundo como conhecemos termina, uma tragédia pessoal, mas para as outras pessoas nada aconteceu.” A ideia do livro partiu do escritor e editor da Andross, Edson Rossatto, que convidou Ricardo Delfin e Danny Marks para o projeto. Já a ideia de tratar o fim do mundo não apenas como a destruição do planeta, mas também de forma metafórica, para ter uma variedade maior de contos, foi algo idealizado pelos organizadores.

Ricardo Delfin fala da busca por diversidade para o livro, “se tivéssemos optado pela destruição literal, teríamos limitado a criatividade dos autores e a possibilidade de histórias”. Já a ideia para a antologia ’2013 – Ano Um’, organizada por Daniel Borba junto com a editora da Ornitorrinco, Alícia Azevedo, que também é escritora, surgiu num bate-papo.“A ideia partiu dela”, revela Daniel Borba. Ambos pensavam na possibilidade de organizar uma antologia de ficção científica juntos que, em vez de mostrar o fim do mundo, cheio de catástrofes, invasões alienígenas ou guerras globais, teria a ideia do recomeço de tudo. Mudando o foco e deixando a causa do fim do mundo de lado, apresentando apenas o “pós-apocalipse”.

Além do ponto de vista diferente, mesmo com um tema em comum, as antologias também contam com uma boa variedade de autores e estilos, seja porque a ’2013 – Ano Um’ conte com autores convidados somados a alguns jovens talentos, escolhido através de concurso, ou o fato da ‘Dias Contados’ ter apenas autores selecionados por concurso.

A forma como uma coletâneas de contos é organizada pode variar, mas o objetivo da publicação sempre visa ter uma boa variação para alcançar um público maior e não a minoria habitual de leitores. Variação de gêneros e estilos é importante, pois há quem goste das clássicas histórias trágicas de fim do mundo, mas também há vários leitores que buscam as histórias com heróis, que diante do fim, vão conseguir impedir a destruição de tudo.  As mentes dos autores são uma Caixa de Pandora, como é o caso da autora Ana Lúcia Merege, que revela ter gostado do resultado da antologia ’2013 – Ano Um’, livro onde tem um conto. Porém a experiência a inspirou e atualmente aceitou o convite para ser uma das organizadoras da antologia pós-apocalíptica ‘Meu Amor é um Sobrevivente’, que faz parte da coleção Amores Proibidos da Editora Draco.

“Achei uma grande sacada, pois o imaginário dos leitores esteve e ainda está bem focado nos temas apocalipse e distopia, a partir das discussões em torno do fim do mundo maia, livros como ‘Jogos Vorazes’, séries sobre zumbis…”, comenta Ana. “Além de tudo discute-se muito o futuro do planeta, as possíveis catástrofes que viriam do aquecimento global… Tenho certeza de que haverá muitos interessados em ler histórias ambientadas nesse tipo de cenário.”

Quando questionada como surgiu a ideia do conto para o livro ’2013 – Ano Um’, onde é uma das convidadas pelos organizadores Alicia Azevedo e Daniel Borba, a autora fala que logo de cara resolveu desenvolver uma ideia sobre uma comunidade isolada. Sobre o conto de Ana Lúcia Merege, Daniel Borba comenta que a autora “apresenta uma sociedade com os mesmos problemas, mostrando que o ser humano é sempre o ser humano”.Os principais critérios para a escolha foram a qualidade literária e a adequação ao tema”, revela Ricardo Delfin. “Líamos todos os contos recebidos e trocávamos pareceres.

Alguns autores eram bem novos na escrita, então analisávamos também o potencial dos autores e suas histórias. Quando necessário, trabalhávamos em parceria com um autor para que pudesse explorar melhor seu potencial, sempre respeitando a ideia original. “Não queríamos apenas um conto que se ajustasse ao tema e ao formato exigido, era preciso que fosse o melhor que o autor pudesse oferecer”, completa Danny Marks.

Independente do tema parecido, editores, organizadores e autores sempre buscam algo diferente para destacar seus livros. Ana Lúcia Merege fala que apesar do tema pós-apocalipse,  o foco de ‘Meu Amor é um Sobrevivente’ são histórias românticas. “A ideia é mostrar que mesmo em meio à catástrofe, ao desespero e a condições muito adversas o amor pode florescer. Enfim, cada autor trabalhou a catástrofe de maneira diferente,” conclui Daniel Borba.

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Conheça o conceito de ópera no cinema, que está chegando ao Brasil

OPERA

Conheça o conceito de ópera no cinema, que está chegando ao Brasil

Quando o espectador não pode ir a ópera ela vai até o espectador

O Brasil é um exemplo de diversidade cultural, dada a origem do povo que se formou a partir da mistura de nativos sul-americanos com povos vindos da Europa e de várias parte do mundo.

O brasileiro faz parte de uma nação em que a mistura cultural parece facilitar a adaptação de tradições. Basta pensar em referências culturais como a paixão pelo futebol, que veio da Inglaterra, ou mesmo de gostos mais locais, como o fato do paulistano adorar pizza, hábito oriundo da Itália.

Por isso, não foi espanto que uma tradição mundial, há muito negada ao povo brasileiro, tenha ganhado adeptos em tão pouco tempo: a ópera no cinema. E com direito à transmissão ao vivo do Metropolitan Opera House de Nova York, ela atualmente leva muitos cariocas a uma sala do UCI, na Barra da Tijuca (RJ).

Para quem só conhece ópera através de referências de programas estrangeiros, como o clássico desenho do Pica-Pau, onde o endiabrado passarinho canta ‘O barbeiro de Sevilha’, ter a chance de ver um espetáculo tão grandioso, ao vivo, é uma experiência fantástica.

Público de todas as idades

Mesmo com maioria de cabeças grisalhas na sala de cinema do UCI do Barra Shopping, não foi difícil encontrar jovens em meio a multidão, incluindo filhos de idades variadas acompanhando pais e mães.

No entanto, havia jovens presentes por opção própria, como foi o caso do militar Felipe, um dos mais jovens presentes durante a transmissão da ópera ‘A Clemência de Titos’, uma das três transmitidas no início de dezembro. O jovem nos fala a respeito da ideia da rede de cinemas UCI de levar a ópera para próximo do público brasileiro.

O militar revela que já teve a rara oportunidade de ver uma ópera, fora do país, em uma opera house de verdade, mas que a possibilidade de poder ver no cinema espetáculos direto de uma das mais famosa casas de ópera do mundo é ótima. “Gosto de clássico, como Mozart, e aprovei a inovação tecnológica que permite a transmissão da ópera direto de Nova York,” comenta Felipe.

Débora, também militar, que acompanhava Felipe, aprovou a iniciativa sem deixar de lamentar o fato do Brasil não ter uma opera house. Para um povo com interesse especial por música, que sempre busca novidade musicais, a ópera com certeza seria bem aceita.

“É lamentável o Brasil não possuir uma opera house, já que tem tanto investimento em mega eventos”, opina Débora. Por isso aprovou a iniciativa da rede UCI, pois é a chance do brasileiro ter contato com óperas maravilhosas, como ‘A Clemência de Tito’.

A qualidade da transmissão, tanto em imagem como em som, é uma vantagem a parte, já que o espectador do cinema tem acesso a ângulo do espetáculo que o público no Met Opera não tem.

Uma nova experiência

Débora e Felipe aprovaram a experiência da ópera no cinema, mas não deixaram de destacar a falta de incentivo para tais produções no Brasil e a vergonha de ter uma cidade “fantasma” da música, próxima de onde fica o UCI do Barra Shopping.

“Há gastos absurdos em mega evento ou em elefantes brancos como a cidade da música, quando podiam usar melhor os recursos públicos”, diz Débora. E Felipe engrossa o coro, assim como os estudantes Thomas e Pamela, que foram assistir a ópera pela primeira vezes no dia da transmissão de ‘A Clemência de Tito’, por pura curiosidade. Eles estavam interessados em saber como seria uma transmissão de um espetáculo de tal porte.Investir em produções brasileiras poderia ser interessante, usando o recurso da transmissão ao vivo agora nos cinemas. Lembrando que a rede UCI, em setembro, transmitiu ao vivo do Teatro Frei Caneca de São Paulo, um show de Bibi Ferreira, comemorando 90 anos.

Os jovens amantes de ópera só precisam de incentivo para buscar por coisas novas. A porta-voz da rede UCI no Brasil, Monica Portella, quando questionada sobre como surgiu a ideia de transmitir as óperas do Met Opera, ao vivo, nos cinemas brasileiros, disse que “a ideia é divulgar para despertar o interesse”.

“A exibição das óperas estimula o público a apreciar esse tipo de espetáculo a um preço acessível. Com essas sessões, o espectador brasileiro tem um acesso mais fácil aos grandes espetáculos mundiais,” observa Monica. “As transmissões são uma grande oportunidade para um público que gosta de óperas, bem como para um público geral que ainda não tem o costume de assistir estas apresentações”, completa.

A transmissão em tempo real dá a sensação de estar sentado na platéia. Isso é um diferencial para o público. Outro ponto interessante para quem está no cinema é a ópera legendada e também entrevistas com os cantores e produtores, além de imagens dos bastidores. Essa parte, infelizmente, não é legendada e só quem entende inglês vai curtir, pois a legenda é só para a ópera.

Sobre a experiência das primeiras exibições, Monica Portella revela que deu tão certo pois a sala do UCI no Rio de Janeiro estava praticamente lotada tanto na estreia como nas transmissões que se seguiram, com boa parte dos lugares vendidos dias.

Entre os clássicos, duas óperas inspiradas em obras do dramaturgo William Shakespeare foram transmitidas, textos conhecidos mundialmente, já que o autor atrai a atenção de fãs que já conhecem suas obras e de pessoas que ainda não as conhecem, mas sabem da grandiosidade de seus trabalhos e veem a oportunidade como uma ótima maneira de conhecê-lo.

A transmissão da temporada de óperas do Metropolitan Opera House acontece simultaneamente no Rio de Janeiro e em outras 11 salas de cinema da rede brasileira, que possuem a tecnologia via satélite, para a exibição ao vivo em HD, direto de Nova York. Além da capital fluminense, cidades como São Paulo, Curitiba, Salvador, entre outras, terão a chance de ver toda a temporada de 2012/2013.


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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Autora independente mostra o poder de um fandom


Anny Lucard

Autora independente mostra o poder de um fandom

Fãs de série de livros nacional comemoram sucesso da autora Luciane Rangel e da ilustradora Ana Claudia Coelho no Rio

A autora da trilogia ‘Guardians’, Luciane Rangel, comemorou, no Rio do Janeiro, junto com a ilustradora dos livros Ana Claudia Coelho e fãs, mês passado, dois anos da publicação do primeiro volume. Contando com o apoio do grupo Novos Escritores, as duas encheram a Nobel do Norte Shopping de fãs e amigos.

Djan Skwar, um dos organizadores do evento, comentou particularmente feliz com o sucesso de Luciane Rangel pois foi a primeira autora a abraçar a ideia do grupo ao participar do primeiro evento promovido por ele. Eventos  como esse atualmente levam a literatura para a Zona Norte carioca.

A autora é um exemplo de trabalho de incentivo à leitura da nova geração de autores nacionais. Prova de que o sucesso de uma história, além de escrever algo bom, está nas mãos de um fandom (conjunto de fãs). Isso porque mesmo uma boa história pode terminar restrita ao seu tempo e se perder com o passar dos anos, mas uma história com fandom alcança as gerações futuras. Luciane Rangel faz parte de uma destemida geração de autores brasileiros que gosta de escrever literatura fantástica, apesar das críticas ainda grandes contra o estilo, já que a ideia pregada por muitos acadêmicos é de serem livros de qualidade inferior e com fãs histéricos.

O fandom de ‘Guardians’ e a paixão pela leitura

O que acadêmicos ainda não perceberam é que mesmo que muitos textos não sigam certos padrões. Há histórias muito boas e atacar um fandom, como é conhecido o grupo de fãs de uma determinada obra, não é vantagem para ninguém. Os bons textos, sejam literários ou roteiros, precisam de um fandom que passe aos mais jovens a paixão da leitura das histórias.

Os próprios textos clássicos precisaram de fãs, ou teriam sido esquecidos e nunca chegariam até os dias atuais. Professora do Magistério e formada em Direito, Luciane Rangel divide-se entre o trabalho de escritora e a Faculdade de Letras de Japonês, entre outras coisas. Quando perguntada sobre a história de ‘Guardians’, como outros autores brasileiros de literatura fantástica, ela teve que buscar fontes fora, dada a falta de tradição em textos fantásticos no Brasil.

Também apaixonada pela cultura japonesa, Luciana buscou referências orientais. Aprendeu a desenvolver personagens e história, com ponto de vista das histórias fantásticas do Japão, que chegaram ao Brasil principalmente em forma de animes e mangás. Luciane  e a ilustradora Ana Claudia Coelho falam que a parceria para os livros surgiu ao unirem as ideias para roteiros de quadrinhos de uma, ao trabalho de ilustração da outra.

Claudia Coelho, por exemplo, sugeriu de início um trabalho conjunto em quadrinhos, mas Luciane Rangel não é boa em desenho, tendo entretanto ótimas ideias de roteiro. Assim autora e ilustradora optaram por uma light novel, um tipo de livro com ilustrações que se populariza no Brasil, principalmente entre os jovens adultos leitores. Ambas destacaram a importância do fandom, que mesmo sendo uma questão que a maioria dos acadêmicos preferem ignorar, é a chave do sucesso e eternização de uma obra.

Seja fã das clássicas bruxas de William Shakespeare ou do bruxinho Harry Potter de J.K. Rowling, o fandom de uma obra não é um grupo que acha tudo lindo e nunca critica. Pelo contrário, os fãs são iguais a uma família e por conhecer bem personagens e história, adoram dar palpite e questionar.

Família unida

Dentro dos fandoms há questões discutidas como em qualquer família. No entanto, os membros do fandom são unidos e se defendem quando atacados por aqueles que, mesmo desconhecendo a obra a fundo, teimam em atacá-la por ser diferente do que estão acostumados.

No caso da nova literatura deve-se levar em conta que críticos que se restringem a um determinado tipo de texto, são como médicos especializados. Então, se um psiquiatra não pode operar alguém do coração, um crítico que só estudou os clássicos, não tem conhecimento suficiente para entender a natureza dos textos escritos fora desses padrões.

Uma boa parte dos escritores, quadrinistas e roteiristas nacionais já perceberam o que os acadêmicos não aceitando, que negar a nova literatura é manter a leitura restrita na elite, limitá-la a uma minoria. Independente do tipo de trabalho que fazem ou gostam, é importante quem buscam incentivar a leitura, apoiar iniciativas que divulgam a nova literatura, seja junto a grupos, como os Novos Escritores, ou individualmente, como os criadores de sites do tipo Adorável Noite e Portal Ju Lund.

Nem todo novo autor escreve como os da nova literatura, que surgiu com textos que falam principalmente aos jovens leitores. Uma tendência mundial, que surgiu recentemente e fez muito pelo incentivo à leitura no Brasil.

Com a falta de livros escrito por brasileiros que conversam com os jovens, especialmente os jovens adultos de literatura fantástica, foram importados muitos títulos, os quais abriram portas para ótimas histórias nacionais serem publicadas atualmente, mesmo que de forma independente.

Muitos autores brasileiros ainda bancam suas publicações, mas Luciane Rangel, ao se juntar com Ana Claudia Coelho para publicar ‘Guardians’ de forma independente e em formato de light novel, já possuía um fiel fandom, que a seguia na internet, incentivando as publicações.

Quanto vale ?

Ana Claudia Coelho comenta que “é fácil reconhecerem seu talento quando ele é disponibilizado de graça, mas depois da publicação, cada exemplar vendido para um desconhecido é comemorada por não termos ainda um nome que garanta a qualidade daquilo que se vende”.

A ideia de disponibilizar os textos gratuitamente, comum hoje entre novos autores brasileiros, surgiu em grupos de escritores de fanfic, que após escrever sobre o universo de personagens de outros autores, dos quais são fãs, passaram a desenvolver textos originais.

Quando questionada sobre os escritores que surgiram em grupos do tipo, Luciane Rangel revela que antes de escrever as próprias histórias escreveu fanfics também: “vejo essa forma de texto como um excelente exercício de criação e de escrita”.

“Acho que esta é, sim, uma ótima forma de incentivo. Temos ficwriters que não perdem nada em qualidade para escritores famosos”, complementa. Sobre a discriminação de escritores que começaram da mesma maneira e de alguns que infelizmente ao invés de criar histórias originais, tentam ganhar as custas do trabalho dos outros, Luciane Rangel deixa claro que “é preciso ter em mente que esse tipo de texto é apenas para entretenimento do autor, não podendo ser publicado para fins lucrativos, pois viola leis de direitos autorais. Mas como uma forma de prática para futuras histórias próprias, acho incrivelmente válido”.

Já quando fala sobre a discriminação, ela revela não entender qual a lógica. Isso porque basta dizer que começou escrevendo fanfic que a ideia que o autor “copia e por isso não pode ser original” para ignorarem a obra, independente da qualidade do texto. Quando na verdade todo autor precisa de referências para criar as próprias. Os livros de Luciane Rangel são publicações independentes, mas Ana Claudia Coelho comenta que isso não o desqualifica pois “tem material sem qualidade sendo jogado na mídia por força das costas quentes.

Tanto é verdade que ‘Guadians’ já foi o tipo de obra que algumas editoras disseram não publicar, mas também que encontrou empresas dispostas. Então, toda chance foi agarrada com força porque é um processo muito difícil. Dedicação aos fãs recompensada com envio de videos, de várias partes do Brasil, com depoimentos emocionados, que foram exibidos durante a festa para os membros do fandom carioca. Vários membros do fandom de ‘Guardians’ presentes fisicamente na livraria e também virtualmente, pois a celebração foi transmitida ao vivo pelo Novos Escritores.

Quem estava presente fisicamente ou online, participou de sorteios e pôde fazer perguntas tanto para a criadora da história como para a ilustradora que deu cara aos personagens.  Durante a festa foi lançado oficialmente uma história solo de duas personagens dos livros, ‘Micaela&Maire’, que é o 1º Livro Extra de ‘Guardians’. A história está disponível na internet gratuitamente em eBook.

No entanto, mesmo com a versão gratuita em eBook, a autora precisou disponibilizar uma versão do livro impressa para venda, já que os fãs queriam o livro para reuni-lo a trilogia em suas estantes.  Celebração que foi concluída com bolo e refrigerante para os presentes na livraria, que foi a única desvantagem de quem estava online.


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domingo, 2 de dezembro de 2012

O Rio de Janeiro de leitores


Anny  Lucard


O Rio de Janeiro de leitores

A Zona Norte carioca também gosta de literatura

No Rio de Janeiro, como em boa parte do país, ideias pré-concebidas continuam a impedir o desenvolvimento cultural de brasileiros. Ideias que tornam uma minoria de especialistas em áreas da cultura nacional, ditadora do que todos devem consumir. Únicos julgadores dos gostos popularesestigmatizam um povo tão eclético como o brasileiro de só gostar de futebol, samba e novela.

O que prova que essas afirmativas, geralmente, são opiniões pessoais, é o fato de que basta algo novo chegar ao conhecimento do brasileiro que ele assimila e logo incorpora a sua vida. Não falando somente de novidades, mas é graças a essa facilidade de assimilar que o Brasil se tornou a nação de hoje, que culturalmente tem tradições herdadas de várias partes do mundo.

Tanto é verdade que Juliana e Djan Skwara, do grupo virtual Novos Escritores, tornaram o projeto físico, produzindo eventos literários, comuns na zona sul carioca, para zona norte. Contrariando a afirmativa que evento do tipo na região não é bem visto, pois ninguém lê nessa parte da cidade.

O que ocorre é que os leitores da zona norte costumam ir a zona sul para participar dos eventos e, por isso, o projeto Novos Escritores chamam a atenção dos fãs de literatura da região e começa a motivar os autores a participar. Eventos que estão ocorrendo em uma livraria de um dos maires shoppings da zona norte do Rio, como também em algumas escolas, ou mesmo no Complexo do Alemão.

Como podem afirmar que o povo não gosta de algo que ele não conhece?

Quem mora no Rio sabe que a cidade é culturalmente dividida. Enquanto a Zona Sul tem os melhores programas culturais, a Zona Norte é restrita ao que acham que o povo da área gosta.

também acontece na Zona Oeste, que se divide entre Barra da Tijuca, repleta de atrações culturais, e Jacarepaguá, que praticamente só tem a Bienal do Livro. Então, falar que um grupo só gosta de uma determinada coisa é muito fácil quando ninguém dá a oportunidade de conhecerem algo novo.

O jornalista e escritor Edson Gomes falou animado sobre os eventos dos Novos Escritores que participou. Além de sempre prestigiar os colegas autores indo aos eventos, mesmo que não esteja participando, Edson Gomes já fez parte de vários produzidos na zona norte, como o que aconteceu a algumas semanas no Alemão, junto com o Recicla Leitores.

O evento aconteceu no Teleférico do Complexo do Alemão e foi uma comemoração de aniversário do Recicla Leitores, que arrecada livros para serem entregues em comunidades do estado (RJ), com o objetivo de despertar a paixão pela leitura. Teve distribuição de livros para crianças e adultos, apresentação musical do grupo Cantando Livros, teatro de palhaços, poesia e a presença de outros autores, como Roxane Norris.

Edson Gomes é um dos autores no Novos Escritores, que busca aproxima física e virtualmente leitor e escritor, e também faz parte do Fantastiverso, todos escritores de literatura fantásticas, do qual 6 participaram de um evento com apoio da Nobel do Norte Shopping.

O grupo Novos Escritores já reuniu na livraria grupos de autores parceiros, como o Fantastiverso, para esses eventos literários, mas nesse em especial tiveram a primeira transmissão ao vivo, via web, possibilitando a interação de leitores de fora do Rio.

Velasco, que também faz parte do Fantastiverso, falou sobre o grupo, que tem como lema “juntos somos mais fortes”. A autora comenta que, ao se unirem, há a ampliação da rede de pessoas e meios, aumentando significativamente os recursos e tornando mais fácil divulgar os trabalhos.

Velasco, também fala da amizade que fortalece o grupo, que auxilia nos momentos difíceis e de desânimo. Revelando que não há necessidade de hostilidade entre os escritores, que há espaço para amigos e não precisam ser hostis e competitivos uns com os outros, pois possuem os mesmos objetivos, contar uma boa história e incentivar à leitura.

organizadores do projeto Novos Escritores, Juliana e Djan Skwara, sempre gentis e animados, falam da dificuldade de conseguir lugares para a produção dos eventos e que seria interessante um espaço também fora de livraria, para dar mais liberdade para os autores.

Situação que se complica no caso da Zona Norte, que nem há muitas livrarias qualificadas, como há no Norte Shopping. Isso também acontece em Jacarepaguá. Autores como Lu Piras, Ben Green, Jéssica Anitelli e Lívia Lorena, que também fazem parte do Fantastiverso, junto de Edson Gomes e Elaine Velasco, falam de suas interessantes histórias.

Mas assim como a maioria dos escritores nacionais fantásticos, eles sofrem com a falta de apoio e crítica que resiste ao novo na literatura brasileira, não aceita que os escritores da atualidade inovem, ao seguir as tendências mundiais.

Lívia Lorena e Jéssica Anitelli são autoras que se aventuram pelo mundo dos vampiros, com séries de livros dos eternos queridinhos da literatura fantástica mundial. Elaine Velasco conta uma história com foco em anjos, assim como Lu Piras, que inclusive tem o Rio de Janeiro de cenário em sua história. Enquanto Ben Green mostrar os primórdios do mundo, numa época que o fogo era sagrado.

Já Edson Gomes se inspira com os conhecimentos espíritas e escreve uma fantástica história inspirada nos livros de Allan Kardec como pano de fundo, mostrando que não é só a Bíblia que pode inspirar boas narrativas; mencionando lugares no Rio de bairros da Zona Norte e Oeste carioca pouco lembrados, como Campinho e Praça Seca.

Os eventos dos Novos Escritores na Zona Norte variam desde lançamentos, como o de ‘Immortales’ de Roxane Norris, a eventos comemorativos. E assim reunindo autores para apresentarem suas obras aos leitores e divulgar grupos de autores dos mais variados. Como aconteceu no mais recente do Ciranda de Escritores, que contou com a presença de autores de longe como o Maurício Gomyde de Brasília (DF), além de Roxane Norris, Adriana Igrejas, Uole da Silva, Chaiene Barboz e Thayane Gaspar.

Autores estes que possuem histórias que vão desde conteúdo sobrenatural ao autobiográfico, do drama ao romance. São talentos literários nacionais que precisam de respeito, motivação e divulgação adequada, pois boas histórias sempre agradam seu público-alvo. Mas para isso precisam ser bem divulgadas.

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Literatura para jovens leitores

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Literatura para jovens leitores

A literatura que forma os amantes da leitura do futuro



Um fenômeno atual no país são os projetos de incentivo à leitura, os quais abrem uma questão quanto a obrigação acadêmica não ser a mesma coisa que incentivar à leitura. Educadores sempre indicam livros acadêmicos aos jovens leitores e não entende o motivo de não gostarem de ler os indicados.

Ler um texto para prestar um concurso, é uma coisa, mas obrigar o jovem a ler livros que em geral não é maduro para ler, ou repletos de parábolas moralistas, pode causar problemas futuros, como total desprezo pela leitura.

A questão foi o foco do debate, mediado pela autora Ana Cristiana Rodrigues, sobre formação de jovens leitores, na Casa de Leitura no Rio de Janeiro, durante o lançamento do livro ‘O Estigma do Feiticeiro Negro’ (Editora Ornitorrinco), de literatura fantástica brasileira com foco no público jovem, escrito por Melanie Evarino e Miguel Carqueija.

Durante o debate, muito foi falado e tanto os autores que lançavam o livro, como os convidados Ana Lúcia Merege, autora de ‘O Castelo das Águias’, e Estevão Ribeiro escritor e desenhista destacaram alguns livros que a crítica costuma atacar. Livros com foco no público juvenil, de novos autores, que mesmo com os ataques são responsáveis por despertar o gosto pela leitura em muitos jovens, inclusive pelos clássicos.

Incentivar a nova literatura juvenil ou não incentivar, eis a questão?

No Rio de Janeiro há muitos projetos de incentivos à leitura acontecendo e vários deles envolvem autores brasileiros, que buscam escrever algo prazeroso de ser lido. Textos para os jovens leitores e também aos que não possuem o hábito de ler e querem algo diferente como forma de lazer.

Livros muitas vezes discriminados, que por ironia são os que aumentam o número de leitores a cada ano, graças ao prazer de ler que despertam. Textos odiados pela crítica e que na maioria são de literatura fantástica juvenil, como os livros da série ‘Crepúsculo’.

Também na lista de odiados pela crítica, os quadrinhos são mencionados por Estevão Ribeiro, que destaca a importância do primeiro estímulo. Criador das tiras ‘Os Passarinhos’, fala da importância também dos quadrinhos como forma de estimular o interesse pela leitura.

Sobre o ódio da crítica por livro que seguem o estilo de ‘Crepúsculo’, Ana Lúcia Merege comenta que é importante para o jovem leitor ter livros que falem a mesma língua, afirmação que os outros autores presentes concordaram:“dizer que o jovem brasileiro não lê, é absurdo. Jovens estão lendo e cada vez mais, mas não o que querem obrigá-los”, afirma.

Antes de obrigar os jovens a ler os clássicos brasileiros, é interessante uma busca entre os novos autores nacionais. Miguel Carqueija falou de algumas raridades publicadas e que hoje não estão disponíveis, como da lista de livros que ele deseja ler, pois há muita coisa nova interessante nas livrarias, tanto de autores brasileiros como de estrangeiros.

No entanto, falta divulgação adequada, enquanto os nacionais na maioria das vezes são ignorados pela crítica, os estrangeiros são atacados. Porque boa parte dos críticos parecem mais interessados em apontar defeitos na literatura estrangeira, muitos obviamente de caráter pessoal, que incentivar à leitura no país.

Novidades literárias para o público feminino geram críticas

Além dos títulos estrangeiros publicados a cada ano, novos livros nacionais são lançados também, mas só encontramos críticas que atacam livros estrangeiros, como a nova sensação literária, que apesar de ser um livro para o público feminino adulto, acabou por abrir um parêntese durante o debate.

Foi impossível o assunto não ser abordado, quando os livros de Stephenie Meyer foram mencionados, já que a autora E.L. James de ‘50 Tons de Cinza’ é fã declarada da criadora de ‘Crepúsculo’.

Não foi difícil perceber um “efeito Crepúsculo parte 2”, no caso E.L. James, pois assim como aconteceu com Meyer, os livros de James são atacados com fúria e o que seria apenas mais uma história, entre as escritas para o público feminino, é lido também por pura curiosidade por causa das agressivas críticas.

A autora Ana Cristiana Rodrigues que é mediadora de leitura, falo que leu os polêmicos livros de Meyer e James, e se gostou ou não, é uma questão pessoal, mas falou que quem tiver interesse nos livros,  deve ler.

A mais jovem do grupo presente, Melanie Evarino, de 20 anos, foi questionada sobre o que a motivou a ler e principalmente a escrever. A jovem autora não hesitou ao afirmar que foram os RPGs, uma tipo de livro/jogo que nem é visto como literatura aqui.

Pouco conhecido, o livro de RPG é discriminado por pura ignorância, já que a maioria nem se dá ao trabalho de saber do que se trata, associando os jogadores a cultos malignos e bobagens semelhantes.

No entanto, o livro de RPG são uma ótima forma de desenvolver a criatividade, incentivar à leitura e pode até despertar o talento para as artes cênicas.

Uma coisa ficou clara com o debate, é que está na hora de rever conceitos em relação a forma de incentivar à leitura no Brasil.

A época que os livros infanto-juvenis eram apenas didáticos já passou. Assim como o tempo em que as mulheres precisavam se esconder atrás de pseudônimos masculinos, reproduzindo o estilo dos mesmos de escrever, para terem seus textos respeitados.

Os livros juvenis não devem ser usados para doutrinar, como se fazia no passado. No entanto, é válido a ideia de passar conceitos que sejam inspiradores.

Estevão Ribeiro lembrou do lado extremista, que não aceita inclusão de valores nos textos para os jovens. Porém os presentes concordaram, que valores universais são válidos, mas os “livros infanto-juvenis como forma de doutrinação são perigosos, pois os escritores seguem filosofia de vida diferente.”

O respeito pela literatura e pelo leitor deve existir como um todo, não por um determinado tipo de texto e leitor. Autoras criaram o estilo chick, onde muitos dos textos são escritos para o público feminino adolescente e não faz sentido críticos atacarem livros do tipo com piadas e comentários machistas.

A literatura já foi um terreno só de homens, onde apenas o universo masculino era retratado. Hoje, com a inclusão das autoras não deve existir discriminação aos textos que descrevem o universo feminino.

É hora de começar a respeitar o novo, para o antigo ser preservado. Ninguém ganha com o incentivo ao ódio pela nova literatura ou desprezo pela antiga.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações


Anny Lucard

Giulia Moon e o perfume de vampira que conquista corações

Autora mistura a cultura brasileira e japonesa, criando novo tipo de história vampiresca

Quem gosta de histórias vampirescas atualmente se divide entre as novas histórias e as clássicas, que seguem a linha do autor Bram Stoker, o criador de Drácula, o qual tem em 2012 seu centenário de morte, comemorado pelos fãs com alegria e a certeza da imortalidade de sua obra e talento, não com tristeza.

A ideia de divisão de tipos de vampiros, assim como o termo vampiro clássico, surgiu recentemente por conta dos fãs da criatura mais demoníaca, que renegam a humanização de tais seres, como acontece nas histórias escritas por autora como Anne Rice, das Crônicas Vampirescas, e Stephenie Meyer, da Saga Crepúsculo.

Assim como Stephenie Meyer, a autora Anne Rice causou muito “ti-ti-ti” quando lançou seu primeiro livro. Na época, década de 1970, contar uma história de vampiros lindos e humanizados como ‘Lestat’ e ‘Louis’, os quais tinham a pequena vampira ‘Cláudia’ como uma espécie de filha, causou muitas críticas e também garantiu a autora fãs apaixonados, que a defenderam com unhas e dentes, como assim fazem, hoje, os da autora da Saga Crepúsculo. Rice não teve menos críticas do que Meyer, pois até  chamada de “louca” quando buscava por uma editora para publicar o primeiro livro, ‘Entrevista com o Vampiro’, ela foi. Essa revelação partiu  da própria Anne Rice durante o bate-papo com os  fãs brasileiros na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro de 2011.

Unindo culturas em histórias sobrenaturais

No entanto, parece que não são só as autoras vampirescas americanas que buscam inovar ao falar de vampiros. Fã declarada de Anne Rice, inclusive presente durante o bate-papo no Rio com a autora americana, a ilustradora e escritora Giulia Moon de São Paulo, resolveu contar uma história de vampiros diferente, misturando lendas ocidentais e orientais.Com descendência japonesa, Giulia Moon mostra em suas histórias sobrenaturais um pouco da ainda desconhecida cultura oriental, onde muita coisa difere do ocidente, inclusive as lendas, pois os orientais geralmente humanizam as ditas criaturas demoníacas.

Foi o toque de humanização abordado amplamente por Giulia Moon em sua série de livros Kaori, publicação da Giz Editorial, que tornou uma vampira japonesa, que morar nos tempos atuais entre as cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro, tão interessante.A sempre sorridente Giulia Moon, falou um pouco sobre sua vampira Kaori, durante uma entrevista, após o lançamento carioca do primeiro livro solo da série, ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, que foi lançado durante a Bienal do Livro paulista 2012.

O livro solo, além de ter ilustrações da autora, conta uma história do passado da protagonista, quando ainda estava no Japão, durante um dos grandes terremotos ocorridos no país. A história não é continuação dos livros ‘Kaori – Perfume de Vampira’ e ‘Kaori 2 – Coração de Vampira’, mas a autora revelou que ocorre entre os acontecimentos presentes do livro um e dois.

Revelações de um universo infinito

Quanto ao termo kyuketsuki, muito usado ao se referir a Kaori, a autora explica que os japoneses geralmente usam o termo vampaia, uma espécie de adaptação do termo inglês vampire: “nos meus livros, os kyuketsukis são vampiros japoneses, que embora tenham características dos vampiros ocidentais, são tão estranhos quanto um japonês pode ser aos olhos ocidentais.”Giulia Moon comenta que “muitos deles são antigos, são japoneses da Era Tokugawa, pessoas que foram criadas e viveram num mundo muito diferente, de hábitos e moral completamente estranhos para os ocidentais.

“Quanto ao novo livro seguir o estilo das famosas light novel, estilo de publicação popular no Japão tanto quanto os mangás (quadrinhos japoneses), Giulia Moon revela que buscou algo diferente para ‘Kaori e o Samurai Sem Braço’, por ser uma história solo e não o Kaori 3.Sobre a protagonista, ela revela que trata-se de “uma menina japonesa de catorze anos bela e frágil, que cresceu na Era Tokugawa, no Japão do século XVII. Tem um delicioso perfume natural desde bebê, que atrai e fascina as pessoas ao seu redor, daí o seu nome, Kaori, que em japonês significa perfume ou fragrância“.

Diferente de muitas das protagonistas de histórias de vampiro, a Kaori de Giulia Moon revela que nada é preto e branco, tudo possui tons de cinza. “Por trás da beleza e suavidade de Kaori, existe uma mulher forte e inteligente, que vai enfrentar os seus inimigos com a coragem de um samurai e a paciência de um monge”, conclui.Uma das peculiaridades dos livros da autora é a mistura de criaturas de lendas das duas culturas. Começa com vampiros, mas logo revela seres dos mais variados, que vão desde a lenda do boto brasileiro da região amazônica; até a curiosa lenda japonesa de um bebedor de sangue, o kappa, que em alguns relatos também adora comer pepinos.

“Portanto, são parentes muito distantes do vampiro” comenta a autora divertida.Com um fandom cada vez maior, os eventos de lançamento, tanto em São Paulo como no Rio contaram com a presença de fãs caracterizados. Feliz com tanto carinho, Giulia Moon aproveitou para falar do convite para a Feira do Livro de Porto Alegre, que terminou no fim de semana passado.Ela participou do dia dedicado à literatura fantástica, com presença de vários autoras nacionais, elogiando o trabalho de apoio feito por Duda Falcão, Christopher Kastensmidt e Cesar Alcázar no Rio Grande do Sul.

De acordo com Giulia Moon, eles fazem um ótimo trabalho para unir autores de vários estados, o qual iniciou na 1ª Odisseia de Literatura Fantástica, que teve a presença de autores fantásticos de várias partes do Brasil, inclusive cariocas, em abril passado na capital gaúcha.


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