Foto: Anny Lucard
Faz
algumas décadas, com o aumento nas publicações de vários gêneros,
especialmente com a entrada cada vez maior de mulheres no mercado
editorial(antes lugar praticamente exclusivo
de homens) que alguns conceitos começam a ser revistos e uma tendência
surgiu, os autores independentes. Esse nicho de mercado, nos últimos
anos, começou a despertar o interesse de leitores e a chamar a atenção
de editoras tradicionais.Nas edições anteriores da Bienal do Livro do
Rio de Janeiro e também na de São Paulo, o aumento gradativo das
publicações independentes mostram que não são uma moda temporária. Desde
a década passada, aqui no Brasil, vários autores nacionais agora
conhecidos pelos leitores, afirmam que começaram com publicações
independentes. É o caso de Giulia Moon, autora da série de literatura
fantástica, ´Kaori´, que iniciou a carreira de escritora como contista,
ao publicar a coletânea ´Luar de Vampiros´ por conta própria. Hoje os
exemplares do livro são procurados como artigo raro por fãs.Vivianne
Fair, autora dos romances, contos e quadrinhos de ´A Caçadora´ e ´O
Caçado´, explica que dificilmente editoras dão oportunidade para os
novos escritores, principalmente quem não é famoso, pois não querem se
arriscar. “Infelizmente os autores independentes tem que investir no
livro e ele acaba saindo caro, coisa que não acontece com editoras que
podem diminuir o preço”, explica. “É muito difícil competir com livros
baratos e famosos.” A autora também lamenta que muitos ainda pensem que
não conseguir uma editora tradicional significa que o livro é ruim. “É
triste isso, porque já li livros independentes que são maravilhosos.”
Tanto é verdade que os bons autores independentes começam a ser aceitos em editoras tradicionais, que investem nos novos talentos nacionais, como é o caso da Editora Draco, chefiada por Erick Santos Cardoso. O editor revela que uma das missões da Draco é a busca por autores com o talento de Vivianne Fair, a qual terá sua trilogia ´A Caçadora´ relançada pela editora. “São pessoas que têm histórias para contar, mas ou não tiveram oportunidade em um selo tradicional, ou preferiram bancar diretamente essa primeira publicação”, explica.
E como divulgar as publicações independentes?
Tanto é verdade que os bons autores independentes começam a ser aceitos em editoras tradicionais, que investem nos novos talentos nacionais, como é o caso da Editora Draco, chefiada por Erick Santos Cardoso. O editor revela que uma das missões da Draco é a busca por autores com o talento de Vivianne Fair, a qual terá sua trilogia ´A Caçadora´ relançada pela editora. “São pessoas que têm histórias para contar, mas ou não tiveram oportunidade em um selo tradicional, ou preferiram bancar diretamente essa primeira publicação”, explica.
E como divulgar as publicações independentes?
A autora e também
desenhista, Vivianne Fair, comenta sobre uma outra tendência que surgiu
junto com os autores independentes e que atualmente ajuda não só na
divulgação dos mesmos, mas no incentivo à leitura e apoio aos autores
nacionais, os blogs literários. No entanto, além da ajuda de vários
blogueiros e de seu próprio blog, que virou o site oficial de divulgação
de suas histórias, a autora também produz vários produtos inspirados em
suas criações. “Ajuda em minha divulgação ao mesmo tempo em que amo
demais ilustrar e criar
produtos diversos com as histórias”, comenta.O escritor e consultor em
publicações, Marcelo Paschoalin, fala que ser um autor independente tem
algumas vantagens, como o maior controle de sua produção literária.
Porém, isso resulta num desgaste maior, pois o controle significa também
que não ficará só com a parte de escrever e autografar. Tem que saber o
que quer e encarar a jornada, porque o trabalho solitário não é para
qualquer um. “Tenho os contatos necessários para produzir um livro de
qualidade.A decisão de seguir sozinho, depois de colocados os custos no
papel, tornou-se a mais adequada”, revela.
Quanto à questão de não ter a aprovação de uma editora tradicional, em relação a qualidade editorial do trabalho, Marcelo Paschoalin destaca o fato de diariamente chegarem originais em diversas editoras. “Cada editora possui um limite de publicações que pode fazer no ano, muitas vezes por razões puramente financeiras,” explica. “Muitos originais são descartados sem serem sequer lidos, não há um julgamento da ´qualidade literária´, mas da possibilidade de investimento editorial.” Na opinião de Marcelo Paschoalin, além do bom texto, o sucesso dos autores independentes, depende de conhecimento do mercado e de contatos. “Não é à toa que vemos histórias de grandes best-sellers que foram rejeitados dúzias de vezes antes de serem publicados e se tornarem sucessos de público.” O autor também destaca que ainda acredita que o leitor compre um livro pelo marketing investido na publicação. E só então o conteúdo é avaliado. “É uma questão simples: se o leitor não sabe que o livro existe, não comprará.”
Feiras literárias ainda são um bom investimento
No Brasil, feiras literárias e bienais do livro passaram a ser vistas como uma das formas mais eficazes dos leitores conhecerem as publicações de autores independentes, os quais conseguem uma divulgação um pouco mais equilibrada de suas obras, em relação aos títulos de editoras tradicionais. “Uma vez que o leitor pode ter contato com todas as obras, independentes ou não, o selo editorial deixa de ter o peso que tinha: o conteúdo se torna o principal fator”, comenta Marcelo Paschoalin.
O investimento de participar de um
evento literário é grande, mas atualmente tanto autores como as
editoras, que antes se limitavam a ter os livros divulgados em uma ou
outra feira/bienal, buscam participar de vários, como é o caso do livro
das autoras Roberta Spindler e Oriana Comesanha, ´Contos de Meigan´ que,
após divulgação na 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que
aconteceu em agosto, estará na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro de Belém
no Pará, que acontece em setembro. O editor Erick Santos Cardoso também
confirma a tendência ao expor as publicações impressas da Draco, que
também publica eBooks, junto aos parceiros na bienal paulista. “As
feiras são exposições, locais para mostrarmos o nosso trabalho a quem
não nos conhece ou receber quem nos procura”, comenta.
A ideia que não há uma ditadura em
relação ao livro bom, precisar de um selo de editora tradicional, é só
um dos novos conceitos que surgiram “leitor que queira narrativas mais
envolventes e livros de melhor qualidade permite que nós, autores,
cresçamos e tenhamos de nos adaptar a isso. O ofício de um escritor é
também um aprendizado constante”, conclui Marcelo Paschoalin.
Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
Texto original:
http://oestadorj.com.br/?pg=noticia&id=10595&editoria=Cultura&tipoEditoria
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