Histórias de fim do mundo
Conheça o fascinante mundo da literatura apocalíptica
Histórias sobre o fim do mundo sempre fizeram parte do imaginário
humano, seja em lendas antigas e mitologias, até a criação da pura
ficção apocalíptica, onde autores viajam na ideia do mundo um dia deixar
de existir. A maioria nesse meio é de autores de literatura fantástica,
onde os apocalipses zumbis e vampirescos são os favoritos em suas
histórias, mas o tema é farto e há para todos os gostos. Após a passagem
do ano 2000, que muitos achavam que seria o fim de tudo, por conta de
algumas crenças religiosas, uma nova data foi agendada para o
apocalipse, 21 de dezembro de 2012, que é o dia que o ciclo do
calendário Maia termina e outro começa.
Passado o apocalipse, enquanto os
adeptos a ideia de fim do mundo pensam em nova data, o assunto para os
autores de literatura fantástica continua rendendo ótimas histórias. Só
esse ano vários livros com o tema foram publicados, entre eles está
’2012 – Uma Aventura No Fim Do Mundo’ da autora Vanessa Bosso e ‘ As
Crônicas do Fim do Mundo – A Noite Maldita’ do autor André Vianco.
Também foram publicadas várias
coletâneas de contos apocalípticos, como a antologia ’2013 – Ano Um’. No
entanto, muito antes de 2012 chegar a Editora Andross publicava sua
antologia apocalíptica ‘Dias Contados’, que atualmente tem 3 volumes.
Organizando o fim do mundo
Inspiração para destruir o mundo não
parece faltar entre os autores, mas a motivação de editoras e
organizadores em continuar a publicar histórias do gênero é diferente.
Do ponto de vista de editoras e organizadores de antologia, o fascínio
pelo tema também implica em várias questões e o debate é necessário. Um
dos organizadores do volume 1 de ‘Dias Contados’, escritor e professor
Danny Marks, falou que no início questionou o parceiro na organização,
Ricardo Delfin, sobre a possibilidade de ampliar a perspectiva para o
fim do mundo.
“Chegamos a um consenso que o melhor
seria dar a liberdade de um final subjetivo, além da possibilidade de um
final objetivo. A ideia era brincar com o que seria um fim de mundo
para uma mãe, um adolescente, para a humanidade, para um
relacionamento,” revelou Danny Marks. “Muitas vezes o mundo como
conhecemos termina, uma tragédia pessoal, mas para as outras pessoas
nada aconteceu.” A ideia do livro partiu do escritor e editor da
Andross, Edson Rossatto, que convidou Ricardo Delfin e Danny Marks para o
projeto. Já a ideia de tratar o fim do mundo não apenas como a
destruição do planeta, mas também de forma metafórica, para ter uma
variedade maior de contos, foi algo idealizado pelos organizadores.
Ricardo Delfin fala da busca por
diversidade para o livro, “se tivéssemos optado pela destruição literal,
teríamos limitado a criatividade dos autores e a possibilidade de
histórias”. Já a ideia para a antologia ’2013 – Ano Um’, organizada por
Daniel Borba junto com a editora da Ornitorrinco, Alícia Azevedo, que
também é escritora, surgiu num bate-papo.“A ideia partiu dela”, revela
Daniel Borba. Ambos pensavam na possibilidade de organizar uma antologia
de ficção científica juntos que, em vez de mostrar o fim do mundo,
cheio de catástrofes, invasões alienígenas ou guerras globais, teria a
ideia do recomeço de tudo. Mudando o foco e deixando a causa do fim do
mundo de lado, apresentando apenas o “pós-apocalipse”.
Além do ponto de vista diferente, mesmo
com um tema em comum, as antologias também contam com uma boa variedade
de autores e estilos, seja porque a ’2013 – Ano Um’ conte com autores
convidados somados a alguns jovens talentos, escolhido através de
concurso, ou o fato da ‘Dias Contados’ ter apenas autores selecionados
por concurso.
A forma como uma coletâneas de contos é
organizada pode variar, mas o objetivo da publicação sempre visa ter uma
boa variação para alcançar um público maior e não a minoria habitual de
leitores. Variação de gêneros e estilos é importante, pois há quem
goste das clássicas histórias trágicas de fim do mundo, mas também há
vários leitores que buscam as histórias com heróis, que diante do fim,
vão conseguir impedir a destruição de tudo. As mentes dos autores são
uma Caixa de Pandora, como é o caso da autora Ana Lúcia Merege, que
revela ter gostado do resultado da antologia ’2013 – Ano Um’, livro onde
tem um conto. Porém a experiência a inspirou e atualmente aceitou o
convite para ser uma das organizadoras da antologia pós-apocalíptica
‘Meu Amor é um Sobrevivente’, que faz parte da coleção Amores Proibidos
da Editora Draco.
“Achei uma grande sacada, pois o
imaginário dos leitores esteve e ainda está bem focado nos temas
apocalipse e distopia, a partir das discussões em torno do fim do mundo
maia, livros como ‘Jogos Vorazes’, séries sobre zumbis…”, comenta Ana.
“Além de tudo discute-se muito o futuro do planeta, as possíveis
catástrofes que viriam do aquecimento global… Tenho certeza de que
haverá muitos interessados em ler histórias ambientadas nesse tipo de
cenário.”
Quando questionada como surgiu a ideia
do conto para o livro ’2013 – Ano Um’, onde é uma das convidadas pelos
organizadores Alicia Azevedo e Daniel Borba, a autora fala que logo de
cara resolveu desenvolver uma ideia sobre uma comunidade isolada. Sobre o
conto de Ana Lúcia Merege, Daniel Borba comenta que a autora “apresenta
uma sociedade com os mesmos problemas, mostrando que o ser humano é
sempre o ser humano”.Os principais critérios para a escolha foram a
qualidade literária e a adequação ao tema”, revela Ricardo Delfin.
“Líamos todos os contos recebidos e trocávamos pareceres.
Alguns autores eram bem novos na
escrita, então analisávamos também o potencial dos autores e suas
histórias. Quando necessário, trabalhávamos em parceria com um autor
para que pudesse explorar melhor seu potencial, sempre respeitando a
ideia original. “Não queríamos apenas um conto que se ajustasse ao tema e
ao formato exigido, era preciso que fosse o melhor que o autor pudesse
oferecer”, completa Danny Marks.
Independente do tema parecido, editores,
organizadores e autores sempre buscam algo diferente para destacar seus
livros. Ana Lúcia Merege fala que apesar do tema pós-apocalipse, o
foco de ‘Meu Amor é um Sobrevivente’ são histórias românticas. “A ideia é
mostrar que mesmo em meio à catástrofe, ao desespero e a condições
muito adversas o amor pode florescer. Enfim, cada autor trabalhou a
catástrofe de maneira diferente,” conclui Daniel Borba.
Matéria original do Jornal O Estado RJ - Cultura:
www.oestadorj.com.br
Texto original:
http://www.oestadorj.com.br/cultura/historias-de-fim-do-mundo/
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